terça-feira, 22 de setembro de 2009

VOCACIONALIDADE MISSIONÁRIA

I. Cada Cristão um Missionário?

A doutrina do sacerdócio universal dos crentes ocupa um lugar muito especial. Imbuído de tal convicção, ninguém titubearia em afirma que cada cristão é um missionário. A colocação em forma interrogativa, é antes de tudo , uma pretensão de negar uma verdade por todos aceita, reflete um sentimento de frustração ao reconhecer a enorme distancia de que existe entre a nossa doutrina e anos realidade.
Há algum tempo, ouve-se uma historia muito interessante. Um missionário evangélico norte-americano regressava ao seu país para o gozo de suas férias. No avião onde viajava encontrava um passageiro de boa aparência. Ao dar inicio a um diálogo com aquele homem, o nosso missionário descobre que o homem é também, um missionário. Só que não era evangélico; tratava-se de um missionário muçulmano. No meio da conversa, o missionário evangélico faz uma pergunta ao missionário muçulmano: “amigo, ao que vocês atribuem o crescimento tão rápido do islamismo nos últimos anos?” A resposta foi: “Ao fato de que cada seguidor de Maomé se considera um missionário...” O islamismo está usando a melhor estratégia do mundo – a utilização dos leigos.
O cristianismo primitivo conseguiu inocular nos crentes de então esse “espírito missionário”. A pior tragédia para o avanço do cristianismo moderno tem sido a enorme diferencia que fazemos entre os missionários “profissionais” e os “espontâneos”.
Temos considerado o alcance evangelistico do que poderíamos chamar (...) “propagandista cristãos profissionais”, mas pelo contrario, não duvidando sem crer que a grande missão do cristianismo foi realizada, na realidade e levada a cabo por missionários improvisados (...) sempre tem sido assim. Os próprios discípulos , significativamente, eram leigos, privados de toda a preparação teologia ou retórica forma. Desde o seu inicio, desde o seu começo, o cristianismo foi um movimento leigo, e assim continuou sendo por um longo tempo. Em um sentido, os apóstolos se fizeram inevitavelmente “profissionais”. Porém em época tão precoce como a descrita em atos cap. 8, encontramos que já não são apóstolos senão missionários “amadores”(...) os que levaram consigo o evangelho onde iam.
O maior desafio para o cristianismo de nossa época eminentemente escatológico consiste na correção da distorção produzida pela dicotomia Missionário x Leigo. Quando o lema cada cristão , um missionário deixa de ser uma frase habitual para converte-se a realidade, o cristianismo moderno poderá experimenta de novo o assombroso crescimento que caracterizou a igreja primitiva.
“E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos. E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele grande pranto. E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. Mas dos que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra”. At 8.1-4


II. O Dom de Missionário
Todos os crentes têm o dever de ser um missionário enquanto estam indo a diferentes lugares por exercícios de suas funções normais ou de sua profissão, no entanto, têm os missionários que querem ir a lugares específicos em obediência ao chamado que Deus lhes fez.
O dom (dádiva de Deus concedida aos homens) de missionário é um dom ministerial (1 Co 12.28,29 “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres?” Ef 4.11 “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”. O dom de missionário corresponde ao dom de apostolo. No N.T., o apostolo significa “delegado, enviado, mensageiro ou missionário”. O seu significa literal deve ser: “aquele que é enviado par longe”.

Temos três sentidos diferentes de apóstolos no N.T.:
(1) Num sentido geral , chamado a todos os crentes como apóstolos ou enviados! De Cristo (Jo 17.18 “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”. 20.21 “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”.);
(2) Em um sentido particular, para designar os apóstolos de uma igreja que são enviados a outras igrejas com as incumbências especiais (2 Co 8.23 “Quanto a Tito, é meu companheiro e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são embaixadores das igrejas e glória de Cristo”. Fp 2.25
“Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades”.);
(3)
Referindo-se propriamente aos doze apóstolos que Jesus escolheu. Eles eram diferentes porque haviam sido testemunhas oculares do Jesus Vivo (Lc 6.12,13 “E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos”.).

Define-se assim o dom: “É a capacidade que Deus concede ou dá a certos membros do corpo de Cristo permitindo-lhes assumir e exercer liderança sobre a igreja, com uma autoridade extraordinária em assuntos espirituais, que é reconhecida e apreciada por esta igreja”.
A vocação (ato de chamar – aptidão [capacidade] natural) missionária é uma chamada especifica de Deus para servi a um propósito soberano. É uma relação entre Deus, isto é, aquele que chama, e o individuo chamado, separado para o uso exclusivo do Seu Senhor Deus para realizar uma missão.

Chamado e Compromisso Missionário:
(a) O chamado tem como características:
Especialidade. Qual seja: tarefa, local, povo. Ex. Jonas, Pedro (At 10.19-22);
Finalidade. Abraão (Gn 12.1-3), Felipe (Jo 1.23);
Determinação do fazer. (tarefa)
(b) Todo chamado ou convocado tem seus fundamentos em At. 13.2.
E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”.
(c) Analisado estes fundamentos veremos que:
A escolha e o envio de missionários é uma obra exclusiva do Espírito Santo;
O Espírito Santo sabe qual é, e onde está a necessidade;
O Espírito Santo supre a necessidade de Deus (capacitação e carisma) do missionário;
O Espírito Santo age através da igreja ou comunidade de cristãos que deve equipar e enviar o missionário;
O missionário deve esta envolvida com uma igreja local, para não agir independentemente e sem apoio. Se a igreja não tem visão e experiência missionária, talvez deva se ligara a uma unidade ou agencia de missões.


III. A Importância de uma Experiência de Chamada Missionária.
Somente uma firme convicção de uma chamada missionária poderá fazer com que um homem e sua família permaneçam no campo ainda quando assaltados pelas mais tormentosas provações. Há uma transparência e franqueza de Deus para com aqueles aos quais é chamado ao seu serviço.
Os sofrimentos e as dificuldades são partes do ministério cristão. Muito ficam assustados e decepcionados com Deus quando são acossados pelo fogo da provação . Estas atitudes, além de revelar imaturidade cristã, refletem uma completa ignorância dos ensinos bíblicos.
O apostolo Paulo é um exemplo para todos os missionários de todos os tempos (2 Co 4.8,9; 6.3-10). Por causa da perseguição, teve que suportar as mais duras aflições e perseguições.
Quando uma pessoa manifestas possuir uma chamada missionária é muito saudável, que a sua convicção possa ser respaldada por outros elementos importantes, quais sejam:
a) O testemunho de sua própria vida;
b) O testemunho de outros que o conheçam de perto e profundamente;
c) O testemunho de usa experiência de chamada.

Não podemos negar que outros interesses possam interpor-se no caminho de uma pessoa com desejo de servir a Cristo na obra missionária: desejo de ser conhecido pela denominação, ambição de uma melhor condição socioeconômica e até desejo de conhecer outros paises.
Temos que discernir realmente qual é a intenção verdadeira do nosso coração.


IV. A Necessidade De Uma Adequada Preparação Para O Exercício Da Vocação Missionária.
1. A igreja oferecendo preparo espiritual. A necessidade de uma boa preparação do candidato enquanto se encontra na sua igreja. A igreja deve ser dinâmica e espiritual, e que realmente posa contribuir para a edificação do candidato. Qual será o papel da igreja de Cristo?
a) Reconhecer a chamada e selecionar os candidatos. Ninguém melhor do que a igreja local para reconhecer e identificar uma pessoa chamada para a obra de missões. A igreja vê o fruto e identifica o dom, porque está convivendo e trabalhando com a pessoa.

2. A igreja oferecendo preparo intelectual. Um bom estudo sobre as condições intelectuais (conhecimentos seculares) do obreiro deve ser realizado.
a) A igreja treina o candidato. Cada igreja deveria ter o seu próprio treinamento a missões. Ninguém melhor do que o pastor, se é um pastor que produz fruto, par ao treinar, orientar e praticar junto com o candidato a obra de missões (At 16.1-3). Portanto , o melhor treinamento surge da igreja local, que deve estar atenta a sua enorme responsabilidade perante seus membros, pois se ela é o modelo que o futuro missionário irá reproduzir no campo, precisa cuidar para que seja biblicamente estruturado, responsável, espiritualmente amadurecido e produtivo.
b) A igreja envia missionário. Já vimos biblicamente, que é sua responsabilidade. Ela poderá fazê-lo diretamente ou usar uma Junta ou agencia Missionária, mas não poderá esquecer que a responsabilidade é sua e aumenta mais.
c) A igreja cuida do missionário. Qualquer problema do missionário no campo deva ser encarado como problema da igreja local. É importante que ela saiba das despesas financeiras, que são muitas, conhecer as dificuldades lingüísticas; enfermidades, adaptação cultural, etc.

3. Necessidade de preparo teológico. Lamentavelmente, muitos crentes estão equivocados quando utilizam a afirmação “quando o Espírito Santo chama a uma pessoa, Ele também dá capacidade” para eximir-se da responsabilidade de buscar um preparo acadêmico teológico. Parece com um grande pensamento que na casa de um missionário: “Deus abençoa esta cozinha, mas não lava os pratos”.

4. Necessidade de um preparo transcultural. “Muitos missionários têm fracassados no campo;. Por não terem recebido preparo, têm fracassado. Para enfrentar as dificuldades de adaptação a uma outra cultura” – afirma o Pr. Edison – “é necessário um bom treinamento. Se uma pessoa enfrenta outra cultura sem o devido preparo, poderá cometer erros quase irreparáveis no futuro, não produz fruto ou não se adapta à cultura , tendo de volta a base”.

5. Necessidade de um preparo lingüístico. O idioma será o principal instrumento de trabalho de um missionário. Se ele não pode se comunicar satisfatoriamente, não poderá alcançar os seus objetivos. Um verdadeiro missionário busca todos os dias os meios para comunicar-se com o povo com o qual trabalho de uma maneira digna e decente.

6. Necessidade de um preparo prático. A igreja deve fornecer oportunidades para que o futuro missionário possa receber treinamento prático no próprio ministério da igreja local e na sua base missionária. É importante que o candidato faça um estagio, inicialmente um novo trabalho num bairro ajudando uma congregação , trabalhando no ministério local, a fim de que produza fruto e seja reconhecido pela igreja como alguém chamado por Deus para a obra. Se uma pessoa não produz fruto no seu bairro, no seu estado, no seu país, não vai produzir–lo em outros lugares também. Este estágio deve ser supervisionado e avaliado pela própria igreja, antes de está sendo recomendado ao campo missionário.

7. Necessidade de um preparo psicológico. Já dizia Sócrates, o sábio filosofo: “conhece-te a ti mesmo”. Em alguns casos, o missionário deixa o seu bairro, seu estado, seu país e vai para o campo sem haver antes solucionado algumas crises e conflitos internos. Uma boa condição psicológica é fato fundamental para alcançar o êxito na obra de Deus. Esta “boa condição psicológica” deve ser examinada não apenas na pessoa do missionário, mas também na família dele.

8. Necessidade de uma boa condição física. Sem uma boa condição física, como resultado de um bom estado de saúde, um obreiro não deve ser enviado ao campo, especialmente se o lugar para onde ele vai se enviado não oferece as condições mínimas e adequadas para o cuidado de sua saúde.
Na experiência do grande missiólogo Dr. Oswald Smith , a sua saúde não lhe permitiu ser enviado ao campo de missões por nenhuma agência missionária. Diante da impossibilidade de servi ao Senhor Jesus nos campos de missões, ele ficou na retaguarda, comprometendo-se com Deus em levantar uma igreja que funcionasse como uma perfeita agência missionária. Faleceu aos 96 anos de idade,deixando estabelecida em Toronto, Canadá, uma pujante igreja missionária que sustenta, ao redor do mundo, mais de 400 missionários transculturais.


Estejamos prontos para cumpri a nossa vocação e missão, do qual Cristo deixou para a sua igreja cumprir, pois Ele conta conosco nesta empreitada, no cumprimento do nosso dever e do amor que foi derramado por ele na cruz em nossos corações.



Deus nos abençoe!!!
Pr. Edmundo


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