quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Qual é o Nosso Saldo Missionário em 2012?

ANALISE O CRESCIMENTO INTEGRAL DE SUA IGREJA

Para promover o crescimento integral da igreja necessitamos de algum tipo de ferramenta, um diagnóstico de saúde. Como se pode fazer isso? Em primeiro lugar, podemos descobrir alguns elementos que comprovem o crescimento em cada uma das quatro dimensões (numérica, orgânica, conceitual e diaconal). Façamos o exercício prático abaixo. Não precisamos resistir a isso. É importante avaliar o crescimento integral da igreja para melhor focalizar esforços e recursos. Em cada frase, assinale de 1 a 5 conforme a tabela abaixo:

1- Nenhum progresso nos últimos 12 meses.  
2- Poucos progresso nos últimos 12 meses. 
3- Médio progresso nos últimos 12 meses. 
4- Bom progresso nos últimos 12 meses. 
5- Excelente progresso nos últimos 12 meses. 

I – Crescimento Numérico
1-     Frequentes conversões e batismos
2-     Preocupação e constante intercessão pelas pessoas que vivem longe de Deus
3-     Intensa atividade evangelística
4-     Boa análise das razões que levam ao crescimento ou decréscimo
5-     Crescimento através de novos membros ou transferências____ Total

II – Crescimento Orgânico
1-     Crescimento na comunhão e na estrutura organizacional
2-     Grupos familiares bem estruturados
3-     Participação dos membros nos ministérios e programas
4-     Unidade e harmonia da Igreja
5-     Recursos físicos e prédios / aumento na contribuição financeira____ Total

III – Crescimento Conceitual
1-     Treinamento e desenvolvimento dos líderes
2-     Fundamento doutrinário sadio e conhecimento bíblico
3-     Nível de congruência com a cultura local
4-     Boa análise e interpretação da realidade
5-     Discipulado e Mentoreamento____ Total

IV – Crescimento Diaconal
1-     Ministérios de compaixão (ação social)
2-     Projetos diaconais em funcionamento
3-     Nível de envolvimento da igreja na sociedade
4-     Programas de transformação social
5-     Posicionamento ético e propostas práticas diante do sofrimento e conflitos sociais____ Total

Reflita sobre os seus resultados e procure responder às seguintes perguntas:
Existe um progresso equilibrado em todas as dimensões?
Em quais áreas estão suas debilidades e fraquezas?
O que deve ser feito para mudar esse quadro?
Organize ministérios específicos para atender às necessidades em cada dimensão. Alguns exemplos de ministérios:

Numérico
Orgânico
Diaconal
Conceitual
Grupos de evangelização;
Treinamentos evangelísticos;
Recepção de visitantes;
Discipulado dos novos membros;
Células evangelísticas;

Integração e conexão;
Grupos pequenos de crescimento e discipulado;
Projetos de Comunicação interna;
Grupos de oração;

Projetos de Ação Social
Missão urbana, transcultural e missão integral.
Serviços diversos à comunidade local;

Treinamento Bíblico
Escola Bíblica Dominical;
Desenvolvimento e multiplicação de líderes;
Nova geração de líderes.

Diante de toda a liberdade que temos qual é o nosso saldo diante de Deus? Disto, agora veja uma igreja em extrema perseguição e como ela trabalha!!!!!!!!!

APESAR DA PERSEGUIÇÃO, IGREJA NA CHINA CONTINUA EM CRESCIMENTO.
12 dez 2012  CHINA

Quando Xi Jinping e Li Keqiang assumirem oficialmente como presidente e primeiro-ministro da China, respectivamente, em março do próximo ano, o que muda para milhões de cristãos que fazem parte do movimento da igreja doméstica no país? Esta questão, a qual muitos têm levantado, não pode ser ignorada pelo novo sistema político chinês.


Apesar de os nomes dos novos líderes chineses terem sido anunciados oficialmente este mês, esse processo, na verdade, começou há cinco anos, quando Xi e Li foram ungidos como os sucessores de Hu Jintao e Wen Jiabao, nessa ordem. Todos os anos em decorrência serviram de preparação para que, no tempo determinado, eles possam assumir os postos da liderança do segundo país mais poderoso do mundo.

Há pouco espaço para qualquer mudança significativa repentina na política da China. O que mais se espera de uma nova liderança é que mantenha a continuidade, já que todas as alterações políticas essenciais - com planejamento de longo prazo - são tomadas por consenso, e, portanto, nenhum indivíduo tem o poder de tomar uma decisão importante isoladamente.
No que diz respeito à liberdade religiosa, é provável que a atitude do governo chinês quanto ao crescimento "sem controle" (daquilo que não se pode controlar) de igrejas casa se mantenha inalterada nos próximos anos. O movimento é composto por igrejas "não-oficiais" que operam fora das áreas controladas pelo governo, como o Movimento Patriótico das Três Autonomias e o Conselho Cristão da China.
Isso explica porque a Igreja Shouwang - que começou como um estudo bíblico caseiro, em 1993, cresceu e tornou-se uma das maiores congregações casa em 2007 - está sendo perseguida pelas autoridades. A igreja possui um piso na Torre de Tecnologia e Daheng Science na área noroeste de Beijing Zhongguancun (distrito tecnológico da China), mas as autoridades impediram o uso da propriedade para cultos. A igreja tem se reunido em um parque por mais de um ano, apesar de esporádica prisão e detenção de seus membros durante os serviços.
No início deste mês, sete cristãos de uma igreja doméstica na província de Henan foram acusados de participar de atividades de "Shouters" ("Gritadores", tradução livre), um grupo fundado em 1960, nos Estados Unidos, que foi proibido, em 1980, pelo governo chinês, de cultuar a Deus, segundo a organização China Aid ("Ajuda à China", tradução livre).
Autoridades se opõem até mesmo às igrejas oficiais que procuram resistir aos movimentos do governo. Recentemente foi negada a permissão para um protesto público contra o despejo planejado, supostamente ilegal, e a demolição de uma propriedade da igreja pelos desenvolvedores imobiliários, de acordo com informação da China Aid em 26 de novembro.
Ryan Morgan, gerente regional para o Sudeste Asiático do International Christian Concern, disse: "Nossa única escolha é adorar de forma ilegal e enfrentar a ameaça de assédio, detenção, tortura e prisão. Dezenas de milhões de cristãos na China sofrem com isso hoje. No entanto, as igrejas chinesas parecem ser fortes o suficiente para continuarem a crescer tanto em número quanto em profundidade espiritual em face à perseguição."
http://www.portasabertas.org.br/noticias/2012/12/1962979/


Nos países de perseguições, como a China, os cristãos são perseguidos pela sua fé, pelo governo, sistema, e policia. E aqui no Brasil, país livre de expressão religiosa e Cristã? Estamos vendo que muitos evangélicos que nunca se converterão a ser Cristão (cuja fé esta em torno de Jesus Cristo), estão perseguindo o seu próximo, seu irmão da igreja; por meio da inveja, ciúme, ressentimento, magoados, inimizades profundas, e muitas outras mazelas do inferno que os “evangélicos” gostam de dar lugar! “crentes” farsante, mascarados, traumatizados pela vitoria dos outros, quando a sua ainda não chega e descontentes de esperar dão lugar ao espírito da fofoca, disse me disse, a mentira e outros demônios afora. A bíblia nos ensina o contrario: “Vós, porém, irmãos, não vos canseis de fazer o bem. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai-o e não tenhais relações com ele, para que se envergonhe; todavia não o considereis como inimigo, mas admoestai-o como irmão”. 2 Tess 3.13-15
“tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados” I Pedro  4:8  
 “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”. Rm 12:10
 “Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, de coração amai-vos ardentemente uns aos outros”. I Pd 1:22

Espero que Deus em Cristo possa nos libertar e colocar em nossos corações o verdadeiro amor para cumprir o seu IDE e através do nosso amor e testemunho posamos Glorifica a Deus em Cristo.

NUNCA SE ESQUEÇA DE ORAR PELOS NOSSOS IRMÃOS E PELOS MISSIONÁRIOS! QUE ESTÃO NO NOSSO PAÍS E NOS PAÍSES PERSEGUIDOS. VAMOS SUSTENTÁ-LOS COM AS NOSSAS ORAÇÕES, CONTRIBUIÇÕES E OI NOSSO AMOR.

Que no ano de 2012 para 2013 possamos escutar mais de perto Jesus pela sua Palavra e fazermos a nossa parte para sermos mais felizes e mais que vencedores.
A todos um Feliz Natal cheio de nascimentos e renascimentos em Cristo, mudança de vida, atitude e de pensamento, juntamente com as nossas famílias e amigos, e um Ano Novo de muitas realizações, Bênçãos e a Esperança da Vinda de Cristo.

Em Cristo.
Pr. Miss. Capelão Edmundo Mendes Silva.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O SUSTENTO MISSIONÁRIO, UM SACRIFÍCIO FINANCEIRO?


“Se Deus quer a evangelização do mundo, mas te recusas a sustentar as missões, então te opões à vontade de Deus.” Oswald Smith.

Bíblia diz que a contribuição não é um peso, mas uma graça. Graça é um dom imerecido: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia” (2 Co 8.1). A contribuição não é somente alguma coisa que apresentamos a Deus, porém, principalmente, uma graça que Deus concede a nós. Deus nos dá o privilégio de sermos parceiros no grande projeto de evangelização do mundo e assistência aos santos.
A contribuição é uma semeadura e o dinheiro é uma semente. A sementeira que se multiplica é a que semeamos e não a que comemos. Quando semeamos com abundância, colhemos com abastança: “E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará” (2 Co 9.6).

1. A DIFICULDADE MISSIONÁRIA DA IGREJA:
Alguém disse que os jovens gastam mais com refrigerantes do que com a obra missionária, que as mulheres gastam mais com cosméticos do que com a obra missionária, que os homens gastam mais com sua bebida preferida ou seu esporte favorito do que com a obra missionária e que muitos gastam mais com o veterinário do seu cãozinho de estimação do que com a obra missionária.
A dificuldade missionária da igreja não é carência de recursos, mas de uma mordomia, administração, certa dos recursos financeiros dados pelo Senhor.

2. DOIS OBSTÁCULOS POSTOS NA OBRA MISSIONÁRIA:
Segundo Arival Dias Casimiro, sempre que uma igreja local é chamada para investir em missão dois obstáculos são postos:

1. “O que arrecadamos é pouco e mal dá para atender às nossas necessidades”.
2. “A nossa igreja é pobre e não tem recursos para investir em missão”.

Biblicamente falando, não há qualquer base para estes dois argumentos. Quando o Espírito Santo age em uma igreja local as finanças da mesma são apreciadas puramente para demonstrar o amor de Deus por meio do auxílio aos necessitados: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum... Porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade” (At 4.32,34,35).
É o Espírito de Deus quem desperta a solidariedade na igreja. Lembremos que Ele não precisa de dinheiro para agir. Não é Deus quem precisa de dinheiro. Nós é que recebemos bondosamente a graça de poder contribuir para o Reino de Deus. Deus é o Dono dos nossos bens, por conseguinte, Ele independe dos nossos recursos materiais. O problema que existe hoje é que somos diferentes dos cristãos do primeiro século. Na Igreja Primitiva os crentes contavam o testemunho assim: “Antes de sermos cristãos tínhamos casas e fazendas, e agora que somos convertidos a Cristo vendemos tudo e distribuímos aos pobres”. Hoje em dia, o que falamos é o oposto: “Antes de sermos cristãos não tínhamos casa nem carro, agora que somos crentes temos casa e carro”. O testemunho que deve ser proclamado é o da mensagem da cruz, o Evangelho de Deus.

3. A IMPORTÂNCIA DE CONTRIBUIR PARA O SUSTENTO MISSIONÁRIO:
É triste ouvir testemunhos de missionários que estão passando necessidades por negligência e descuidos de alguns que se dizem serem filhos de Deus. No entanto, são mercenários que roubam a Deus. Também é uma aflição vê o dinheiro ser gasto com e em coisas supérfluas. Sabemos que os dízimos e as ofertas são para manterem a casa do tesouro (os obreiros) e não para construir “palácios e castelos”, sendo que todos eles serão destruídos e que Deus não habita neles, mas, nos seres humanos. Segundo At 20.35 todo missionário deve ser o primeiro a ofertar, todo contribuinte na obra missionária é abençoado e todo recurso ofertado deve ser aplicado para suprir necessidades: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber”. Apesar da negligência de alguns, Deus ainda providencia os recursos necessários para o sustento da obra missionária. A obra de Deus não para. Ela avança.

4. DEUS PROVIDENCIA OS RECURSOS NECESSÁRIOS PARA A OBRA MISSIONÁRIA:
Deus é tão gracioso que quando a igreja vive em obediência missionária, investindo em missão, Ele providencia os recursos materiais necessários: “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (Fp 4.18-20). Assim, Paulo demonstra que o poder que atua com eficiência na igreja é o poder do Espírito Santo e não do dinheiro. Aqui está um alerta: Deus julga nossas ofertas pela nossa motivação e não pela soma ofertada. Portanto, tenhamos cuidado com a maneira como ofertamos a Deus (ver At 5.1-11).

5. O SUSTENTO MISSIONÁRIO DE PAULO:
O apóstolo Paulo nos motiva a contribuir para a obra de Deus:

a) Mesmo quando as circunstâncias estão difíceis: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.” (2 Co 8.1,2);
b) Pela graça de contribuir: “Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos” (2 Co 8.3,4);
c) Seguindo o exemplo de Jesus (ver 2 Co 8.5-9);
d) Pela fé (ver 2 Co 8.13-24).

Agora, analisemos o sustento missionário de Paulo:

a) Empregou-se de uma profissão alternativa (fazedor de tendas) para alçar o seu sustento para não escandalizar os irmãos de Corinto. Hoje, “fazedor de tendas” é o nome que se dá aos profissionais liberais que são enviados como voluntários para oferecerem serviços sociais às populações necessitadas nos países onde ser cristão ainda é crime. É uma solução usada para colocar legalmente um missionário num país desses; do contrário, ele nunca poderia ser aceito;
b) Paulo e Barnabé foram enviados pela igreja de Antioquia e esta deve tê-los sustentado (ver At 13.1-4);
c) Paulo afirma que recebeu ajuda da igreja filipense: “pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora” (Fp 1.5; ver 4.15-18);
d) Paulo expõe que recebeu igualmente ajuda de outras igrejas macedônias: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários” (2 Co 8.1-3);
e) Paulo estimulou a igreja dos coríntios a contribuir: “o que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós” (2 Co 8.6);
f) Paulo pensava que a igreja de Roma pudesse ajudá-lo em seu trabalho missionário na Espanha (Rm 15.2-24).

Observemos, agora, o sustento financeiro em Filipenses 4.10-20. Lendo esta referência bíblica notaremos os princípios de contribuição financeira para a igreja. Lembremo-nos de que os irmãos filipenses se mostraram tão generosos, em seu apoio financeiro, que o missionário Paulo tinha tudo com abundância:

a) A igreja deve estar associada ao missionário: “Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros” (14,15).
b) A igreja deve cuidar e suprir as necessidades do missionário: “porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades” (16).
c) A igreja deve entender o princípio financeiro de Deus: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (19).
d) A igreja deve saber que a oferta missionária agrada a Deus: “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (18).
e) A igreja deve saber que a oferta missionária resulta em glória a Deus: “Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (20).

6. PADRÕES GERAIS DE SUSTENTO MISSIONÁRIO EM ALGUNS PAÍSES:
Observemos agora alguns padrões gerais de sustento missionário em outros países citados pelo missionário Ronaldo Almeida Lidório:

a) No noroeste africano as pequenas igrejas tribais plantam campos de arroz coletivamente. Quando 5 ou 6 campos são plantados eles separam o melhor deles para “missões”. O arroz produzido naquele campo é vendido e enviado a crentes que habitam em outras tribos com o intuito de levar ali o Evangelho.
b) No sul da Índia há o costume de famílias de missionários serem “adotadas” por um grupo de famílias de uma determinada região que os sustentam de acordo com o seu padrão médio de vida.
c) Na China vários crentes separam uma árvore em seu pomar, um dia de trabalho por semana ou uma galinha em seu galinheiro cujo lucro é destinado ao trabalho missionário.
d) Na Indonésia algumas aldeias criaram o “dia da oferta” e todos naquele dia trazem parte da colheita a fim de enviarem aos seus missionários.
e) Em Portugal uma pequena igreja no Porto desenvolve um projeto escolar no templo ajudando a comunidade local e destinando o lucro para o sustento de projetos missionários nacionais e transculturais.
f) Algumas igrejas coreanas defendem a tese de que, havendo fidelidade nos dízimos, a igreja local ver-se-á sempre em condições de sustentar condignamente a obra missionária proposta.

7. COMO DEVEMOS CONTRIBUIR PARA A OBRA MISSIONÁRIA:
Lendo as cartas de Paulo aos coríntios veremos que devemos contribuir para a obra de Deus com:

a) Alegria: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2 Co 9.7).
b) Proporcionalidade: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (1 Co 16.2).
c) Regularidade: (ver acima 1 Co 16.2).
d) Sacrifício: “Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus” (2Co 8.3-5).

8. FAZENDO O MAIOR INVESTIMENTO DO MUNDO:
Contribuir para missão é fazer o maior investimento do mundo, é ajuntar tesouros no céu: “mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.20). Precisamos contribuir para a obra missionária, afinal, “os que anunciam o evangelho que vivam do evangelho” (1 Co 9.14). Missão é tarefa da igreja, portanto, devemos investir tudo o que somos e tudo o que temos na evangelização dos pecadores. Se não for assim, não estamos crendo que seja essa a tarefa da igreja. Se amamos as pessoas que não têm Jesus, precisamos contribuir para missão. Alguém disse: “Podemos dar sem amar, porém não podemos amar sem dar”. É pasmoso pensar, e muito menos aceitar, a triste e deprimente realidade de que os crentes brasileiros gastam mais com Coca-Cola do que com aquilo que dizem acreditar: Missão. Hudson Taylor disse: “A obra de Deus, feita segundo a vontade de Deus, no tempo de Deus, tem os recursos de Deus”. Mas é lamentável que ainda não estamos usando o potencial que temos como igrejas para o sustento de nossos missionários. Precisamos despertar para a sustentação financeira da obra missionária. O apoio financeiro de missões deixará de ser um problema quando a paixão pelos perdidos arder no coração da Igreja.
Russel Shedd afirma: “O envolvimento das igrejas do Brasil em missões é ainda pequeno. No Congresso Brasileiro de Missões 1993 foi afirmado que a contribuição de cada crente era R$1.30 por ano. Temos em torno de um missionário para 10.000 crentes. Este quadro mudará radicalmente se Deus nos der uma visão nova que levantará centenas de candidatos para a obra transcultural. O temor que não teremos dinheiro suficiente para nossas necessidades locais para abençoar as nações evaporará. O temor que os nossos jovens não terão a coragem e perseverança para enfrentar os desafios tremendos que o missionário transcultural tem de enfrentar desaparecerá. O temor que o alto custo do envio e manutenção de obreiros não trará um retorno compensador entre os povos não-alcançados esvanecerá. O temor dos pais de orar para que seus filhos se ofereçam para missões diminuirá. Em fim, a promessa feita a Abraão e repetida por Jesus se cumprirá e Ele voltará para galardoar os seus destemidos servos”.

Portando, o que se pode concluir é que:
1. O sustento financeiro de missão é uma responsabilidade básica e contínua das igrejas locais em todo lugar.
2. Que os missionários não devem ter que “implorar” por apoio, pois esta atividade deve ser natural da igreja local.
3. O sistema de apoio deve permitir que os missionários utilizem o máximo de seu tempo e energia no trabalho missionário e todo trabalho missionário é “uma obra de fé”, do começo ao fim.
4. Todo cristão deve ser um ofertante fiel na obra missionária.
5. Toda oferta deve ser vista como um privilégio da graça de Deus.
6. Deus não precisa da minha oferta, mas sou eu que preciso contribuir.
7. Generosidade nasce em momentos de escassez.
8. A maneira bíblica de aumentar a arrecadação da nossa igreja é investindo em missões.

“Contribui de acordo com tua renda para que Deus não torne a tua renda segundo a tua contribuição” (Peter Marshall).

Em Cristo
Pr. Capelão Miss. Edmundo Mendes Silva

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Igreja e sua Missão no Plantio de Igrejas


O assunto plantio de igrejas deve ser observado sob a perspectiva da missão, ou seja, o resultado do desejo de Deus que envolve a ação da Igreja.
Um dos maiores perigos existentes no processo de plantar igrejas é defrontar-se com um cenário onde a missão da Igreja está desassociada da missão de Deus, a Missio Dei. E isso ocorre quando a Igreja segue sua própria agenda, de plantio ou crescimento, por motivações próprias e antibíblicas. Não para a glória de Deus, mas para a glória da igreja. Não para alcançar os perdidos, mas para fortalecer a denominação. Não para exaltar Jesus, mas para exaltar os seus líderes.
Michael Green, em seu comentário do evangelho segundo Mateus, 27 expõe que, na Igreja primitiva, a missão era um conceito fácil de ser compreendido. O desejo de Cristo - de ser anunciado a todos - era claro para cada crente. Essa missão, porém, apesar de clara e facilmente compreendida, era complexa em sua execução, pois demandava sair de Jerusalém, abrir mão de uma estrutura eclesiástica local já em formação que providenciava um senso de conforto para os cristãos.
Muitos missiólogos compreendem que o plantio de igrejas, e não apenas o evangelismo individual, é um ensino contido na grande comissão, o que creio ser evidente. Hesselgrave, Johnstone e Bosch manifestam-se de forma marcante nessa compreensão expondo que o fazer discípulos da grande comissão é uma ordem que desembocaria no agrupamento dos crentes, formação de igrejas locais, expansão do Reino de Deus. Johnstone entende que fazer discípulos, batizando-os e ensinando-os a Palavra de Deus, implica em “uma vasta diversidade de atividades envolvendo os crentes em uma comunidade com a qual se relacionarão e prestarão contas”.
Richard Hibbert expõe o pensamento de Love quando esse defende a ligação entre a grande comissão e o plantio de igrejas com base em Atos 14.21-23, que contém o mais conciso relato sobre plantio de igrejas no Novo Testamento. O termo usado no verso 21 (fizeram muitos “discípulos”) vem do verbo matheteo usado em Mateus 28.19, na grande comissão. Esses são os únicos dois lugares em que o verbo é usado no Novo Testamento. Expressa o desejo de Cristo para seus discípulos na grande comissão e, a partir dela, Seu desejo de ver esse grupo de discípulos gerando novos grupos que amam e seguem e Jesus, ou seja, plantando igrejas.
Em razão desse pensamento, Hibbert menciona que: “Tenho argumentado que o plantio de igrejas é peça fundamental na Missio Dei. Sem o plantio de novas igrejas o propósito de Deus não é realizado na terra. A transformação da sociedade na direção de Deus ocorre através da sua agência, a Igreja, e assim comunidades locais de convertidos são a maior expressão de sua presença e seu desejo transformador”.  Assim, perdendo a Igreja a prioridade da grande comissão, perderá também o caminho para o cumprimento do desejo de Cristo: uma comunidade de santos pregando um evangelho transformador e gerando, no poder de Deus, outras comunidades que seguem e amam o Senhor. Inquieto-me ao ver uma atual verdade nas antigas palavras de Cirenius, teólogo bizantino, ao afirmar que a Igreja “sofrera a tentação de desenvolver a sua personalidade e perder a sua finalidade”. À imagem do primeiro homem, a Igreja também peca quando esquece o porquê está aqui e imagina ser suficiente apenas o existir. Torna-se assim tal qual uma linda rosa vermelha... a qual nasce, cresce, murcha e morre em um campo distante sem ser vista por ninguém, sem dar prazer a nenhum olhar.
Vivenciamos a tendência da errática cristã, a qual tenta incluir-se nas bênçãos do evangelho e se autoexcluir de sua prática: a antibíblica vontade de ver a terra arada sem por as mãos no arado.

Igreja – O Conceito Neotestamentário
A Igreja no Novo Testamento é o resultado de uma construção de valores e fatos. A compreensão de Igreja que os discípulos possuíam crescia em estágios bem demarcados. Em um primeiro momento, havia a compreensão da Igreja a partir e ao redor dos apóstolos. Jerusalém tornou-se não apenas o palco para a permanência dessa igreja como também um símbolo de centralização. Em outro estágio encontramos o conceito dos gentios que não apenas passaram a ser evangelizados a partir de Antioquia, mas passaram, eles mesmos, a definir o conceito crescente de Igreja nas mentes e corações dos convertidos. Outro estágio ainda, após o enraizamento de igrejas locais espalhadas por todo o mundo gentílico através da dispersão dos crentes em Atos 8 e do envio de Paulo e Barnabé em Atos 13, as próprias igrejas locais passaram a plantar igrejas locais. Michael Green chama nossa atenção para esse momento em que não apenas Jerusalém, mas os discípulos pioneiros, deixaram de ser o centro motivador do evangelismo. Agora, as igrejas locais passam a olhar ao redor e começam a plantar novas igrejas.
O Espírito Santo, no Pentecostes, conferiu autoridade à Igreja para a sua missão. Assim, milhares de homens e mulheres, cheios do Espírito Santo, passavam a apresentar as Boas Novas por onde quer que chegassem. Esses - do caminho - não possuíam ainda uma eclesiologia definida, porém eram alimentados pela Palavra, a partir do ensino dos apóstolos, havendo entre eles um ambiente de comunhão, dedicação à oração e proclamação de Jesus.
Creio ser relevante, para nosso estudo sobre plantio de igrejas, entendermos um pouco do perfil desta Igreja no Novo Testamento, pois boa parte da problemática no processo de plantar igrejas advém da má compreensão da natureza da própria igreja pelo que a planta.

Igreja de Deus
Devemos, inicialmente, identificar alguns conceitos bíblicos que nos ajudarão a compreender o significado neotestamentário de “Igreja”.
Comumente encontramos no Novo Testamento a expressão “Igreja de Deus” (“Ekklesia tou Theou”), o que evidencia que essa Igreja veio de Deus e pertence a Ele. É uma comunidade que possui Deus como fonte; é eterna, espiritual e universal. Não provém de elucidação humana ou de uma obsessão. Permanecia em Jerusalém, mesmo depois de ter sido revestida de poder no Pentecostes. Após Atos 8, com a forte perseguição da Igreja, os crentes foram dispersos e iam por toda parte pregando a Palavra. Em meio à crise, a Igreja foi gradualmente perdendo seu apego territorial a Jerusalém e envolvendo-se com as comunidades cristãs que nasciam em território gentílico. A própria Igreja em Antioquia, enviadora de Paulo e Barnabé em Atos 13, eram formados, primariamente, por judeus convertidos. É notório, portanto, que a visão da Igreja se expande se aproximando mais da visão do seu Senhor. Compreendeu-se que a igreja local não pertence ao local, pertence ao Corpo que é dinâmico e se expande segundo a Cabeça, que é Cristo.
Plantadores de igrejas não devem ser limitados pela geografia ou territorialidade. Sua missão é focada em pessoas, sejam do grupo alvo ou outros que estão ao seu redor; da etnia que estuda ou outra que se aproxima. Onde houver uma porta aberta e um coração sem Deus, ali devemos apresentar o evangelho, pois na cosmovisão do Senhor a igreja é formada por pessoas. Onde há pessoas há possibilidade de vermos nascer a igreja de Cristo.

Igreja Humana
Também dentro do conceito de “Igreja” nos deparamos no Novo Testamento com um perfil bastante humano. Em 1 Tessalonisenses 1.1, por exemplo, vemos “igreja de Tessalônica” (“ekklesia Thesalonikeon”) dando-nos a ideia daqueles que são Igreja também sendo tessalônicos, cidadãos de Tessalônica.
Mostra-nos o fato de que por serem “Igreja” não significa que deixam de ser cidadãos, patriotas, carpinteiros, lavradores, comerciantes, desportistas, pais, mães ou filhos. “Igreja” no Novo Testamento não é apresentada como uma comunidade alienante, mas como uma comunidade que abrange o homem em seu contexto humano, fazendo-nos entender que essa Igreja não foi separada do mundo, mas purificada dentro dele.
No livro de Atos, a humanidade, passo a passo, era chocada com a fé daqueles que transtornavam o mundo, segundo a qual o viver é Cristo, o objetivo era ganhar almas, a alegria era a adoração, o que os unia era a verdadeira comunhão, o amor era traduzido em ações, os fortes guiavam os fracos, as dificuldades eram enfrentadas com oração, a paz enchia os corações. O Mestre enfatiza que não vos compete conhecer tempos ou épocas. Para a expressão “tempos ou épocas” o texto poderia utilizar o mesmo termo encontrado no versículo 6: “chronos”. Dessa forma, Jesus estaria dizendo que não era da competência dos discípulos conhecerem o “tempo humano” (dia, mês e ano) em que o Reino seria restaurado. Assim, Jesus condicionaria o assunto escatológico a um plano humanamente inteligível. Outra opção textual seria a utilização do termo “kairos” para “tempos ou épocas” na resposta de Cristo e, assim, enfatizaria que “não vos compete conhecer o tempo de Deus”, ou seja, “os fatos e acontecimentos que assinalavam um momento certo ou errado de algo acontecer”, nas palavras de Tertúlio Cônico. Dessa forma, Jesus afirmaria que não era da competência dos discípulos conhecerem o “tempo de Deus”, o momento apropriado na economia do Pai para que o Reino chegasse. Para nossa surpresa textual, a expressão “tempos ou épocas” no versículo 7 utiliza ambos os termos e conceitos: “chronous kai kairous” (o tempo humano e o tempo divino) e, com isso, o texto afirmava que a prioridade de Jesus não era escatológica (os últimos dias, os eventos finais, a consumação dos séculos), mas missiológica. O versículo 8 intervém com a expressão mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas.... Com essas palavras Jesus explicava o Reino: Ele criara uma Igreja funcional e não apenas contemplativa, nascida para espalhar a Sua Palavra a todos os povos, em todas as gerações, até a Sua volta. Paulo entende esse princípio e, em Romanos 15.20, explica que aqueles que nada ouviram são a prioridade de Deus em relação à evangelização mundial. Isso pode ser perto ou pode ser longe, tanto em uma tribo isolada quanto do outro lado da rua. O valor de uma alma, para Deus, é o mesmo: mais que o mundo inteiro.

Igreja – O Processo Do Envio
Olharemos para a igreja em Antioquia como paradigma de envio, compromisso evangelístico e força plantadora de igrejas. A proposta é fazê-lo sonhar com esse modelo bíblico. Não foram Paulo e Barnabé que iniciaram esse grande movimento de plantio de igrejas entre os gentios, mas uma igreja, sensível ao Espírito, com a visão do Reino, temor à Palavra e pronta para servir. Igrejas plantam igrejas.
“Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo. E servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram”. (At 13.1-3)
O versículo 1 enumera cinco líderes da igreja em Antioquia descritos sob a categoria de “profetai kai didaskaloi” (profetas e mestres). “Profetes” era aquele que “falava em nome de Deus” e, também, utilizado no grego ático tanto para “pregador” quanto para “expositor das leis”. O “Didaskalos” é o mestre (de “didasko”: ensino) aplicado para aquele que possui discípulos. Parece-me que, nesse caso, esses “didaskaloi” estavam mais ligados à instrução dos novos convertidos em Antioquia. Nessa lista, primeiramente, é mencionado Barnabé, o qual era “natural de Chipre”. Em seguida, Lucas cita Simeão referindo-se, provavelmente, a um africano “Níger” (negro) e menciona Lúcio “de Cirene” provindo do norte da África. Também lista Manaém, colaço (“syntrophos”: irmão de leite) de Herodes e, finalmente, Saulo.
O versículo 2 começa com uma ação coletiva: e servindo eles ao Senhor...”. E as duas perguntas que devem ser aqui levantadas são: quem são “eles” e como serviam ao Senhor? Há três possibilidades para entendermos “eles”, já que o texto não o define: refere-se a toda a igreja em Antioquia; ou apenas aos cinco líderes do verso anterior; ou ainda, especificamente, a Paulo e Barnabé, mencionados separadamente logo após.
Por ausência de ligação textual, creio que podemos excluir a “igreja em Antioquia” restando-nos os cinco líderes do versículo 1 e Paulo e Barnabé do versículo 2. De qualquer forma, esses últimos são também mencionados na lista de líderes; portanto, os utilizaremos como pressuposto para “eles”. Sigamos para a pergunta principal: como serviam ao Senhor?

Leitourgoi – Edificadores do Corpo de Cristo
O verbo “servindo” (leitourgounton), utilizado aqui, aponta para aqueles que serviam ao Senhor como “leitourgoi” - servos. Lembremo-nos de que havia três formas de alguém se apresentar como “servo” no contexto neotestamentário:
1.      Como “doulos” - o escravo. Nas palavras de Candus: “Aquele que pessoalmente acompanha o seu Senhor para realizar os desejos do seu coração”. Portanto “doulos”, no contexto do Novo Testamento, é aquele que tem um compromisso direto com Deus; que serve pessoalmente ao seu Senhor.
2.      Como “diakonos” - o mordomo. Aquele que serve ao seu Senhor através do serviço à comunidade. Na Bíblia, o termo é usado para aqueles que, sensíveis à necessidade do Corpo de Cristo - física e espiritual - servem a Deus.
3.      Como “leitourgos” - o edificador. O termo, ligado à “leitourgia” (liturgia), não é restrito como o usamos hoje. Refere-se àquele que serve ao Senhor sendo usado por Ele para abençoar e edificar o seu irmão. E esta é justamente a raiz do verbo que expressa que Paulo e Barnabé “serviam” ao Senhor afirmando, portanto, que eles eram, antes de tudo, “abençoadores” ou “edificadores” do Corpo de Cristo em Antioquia. Eram uma bênção, como se pode falar hoje.
Portanto, a primeira característica apontada pelo texto a respeito desses dois homens, que iniciaram a obra missionária como a conhecemos hoje, não foi à competência intelectual, o título ministerial ou a profundidade teológica, mas a fidelidade de vida em relação aos de perto, aqueles que os rodeavam em Antioquia.
Uma aplicação objetiva do texto seria esta: não envie para longe aqueles que não são uma bênção perto. Aquele rapaz que diz possuir um claro chamado ministerial, se não tiver, primeiramente, um desejo ardente pelo ministério comprovado pelo serviço em sua igreja local, certamente, não o terá em lugares distantes. Ele não está pronto para ser enviado ao seminário. Aquela jovem que, insistentemente, afirma ter um claro chamado ministerial para a obra missionária em algum lugar distante, se não o demonstrar, onde está, com os ministérios e oportunidades locais, não o fará também do outro lado do mundo. Ela não está pronta para ser enviada ao preparo ou ao campo.
Um plantador de igrejas que, localmente, não evangeliza e não apresenta disposição para cooperar com as excursões evangelizadoras da igreja, certamente não demonstrará nada diferente em outras paragens.
Spurgeon já falava em 1885 que nada é mais difícil do que se mostrar fiel aos de perto que bem lhe conhecem” e, aqui, três rápidas aplicações poderiam ser feitas.
§  Pessoal. Não há nada mais perto de nós do que a nossa família. Aquele que não pode ser apontado pela esposa, esposo ou filhos como leitourgos no dia-a-dia de sua casa, dificilmente será uma bênção fora dela, seja ele um professor, pastor, missionário ou crente.

§  Ministerial. Líderes e pregadores que se destacam nos púlpitos e salas de aula de igrejas e seminários, mas fracassam com a família, amigos e pessoas chegadas, não estão prontos para o ministério. Plantadores de igrejas que são exímios no que fazem, nas ruas, praças e templos, porém não têm testemunho de Cristo entre os seus, não estão qualificados ao envio. O ministério não define o próprio ministério. O caráter de Cristo em nós é que o faz.

§  Eclesiástico. Não há nada mais perto da igreja do que a própria igreja, os irmãos com os quais nos encontramos a cada semana. Se uma comunidade cristã não demonstra ser leitourgos, abençoadora, para aqueles com a qual convive dia a dia, culto a culto, dificilmente conseguirá fazer diferença em outros lugares, seja perto, seja longe.

Aphorizo – Separando para o envio
O texto diz que servindo eles ao Senhor, disse o Espírito Santo: separai-me...”. O texto não esclarece como o Espírito se manifestou e falou à igreja, mas toda a ação deixa bem claro que a igreja, prontamente, ouviu.
O conteúdo do que Ele falara foi “separai-me” (aphorisate), do verbo “aphorizo”, o qual é um verbo exclusivista também usado em Mateus 25.32, quando o pastor “separa” as ovelhas dos carneiros. “Aphorizo” se diferencia de “ekklio”, pois não se trata de uma separação de relacionamento (foram excluídos da igreja de Antioquia), mas de uma separação para uma função (permanecendo ligados à igreja, são agora designados para uma função além da igreja local). É o mesmo termo usado nos Documentos de Cartago quando cidadãos comuns eram chamados para engrossar as fileiras do exército romano. Portanto, Paulo e Barnabé seriam separados porque, primeiramente, haviam sido chamados e não o contrário.
É bom também entendermos que “ergon” (a obra) para a qual foram chamados é um termo genérico que tanto pode significar um ato quanto uma função e poderia ser usado por ser essa obra já bem conhecida por todos na Igreja – a evangelização dos gentios – ou também para chamar a atenção para o ponto principal deste comando: não a obra, mas quem os chamou para essa obra. Demonstra também flexibilidade ministerial indicando que a obra pode mudar, mas o chamado permanece, pois se baseia naquele que nos chamou.
A expressão jejuando e orando vem como um conjunto que se completa já que, segundo Stott, “o jejum é uma ação negativa (abstenção de comida e outras distrações) em função de uma ação positiva (culto e oração)”, e, em subseqüência, impondo sobre eles as mãos...” trás a expressão “epithentes tas cheiras”, que possui vasto significado para o conceito de envio missionário. Vejamos os principais:
*      Sinal de Autoridade. Este “impor de mãos” remonta ao grego clássico, quando um pai impunha suas mãos sobre o filho que lhe sucederia na chefia da família, ou seja, uma transferência de autoridade. Para Paulo e Barnabé, isso significaria que eles possuíam a autoridade eclesiástica para fazer tudo o que a Igreja faria mesmo onde ela não estivesse presente, como comunidade. É, portanto, ao mesmo tempo, uma carga de autoridade e responsabilidade. Como igreja em Antioquia, eles poderiam pregar a Palavra, orar pelos enfermos e desafiar os incrédulos, mas precisariam também compartilhar da mesma fidelidade e dedicação que existia naquela comunidade dos santos.

*      Sinal de Reconhecimento. Também era usado em momentos oficiais como na cidade de Alexandria, quando 20 oficiais foram escolhidos especialmente para guardar a entrada da cidade que sofria com frequentes ataques de nômades, e sobre eles “foram impostas as mãos” em sinal de reconhecimento de que eram dotados das qualidades para aquela função. Para Paulo e Barnabé, isso consistia no fato de que a liderança da igreja reconhecia não apenas o chamado (que era claro), mas a capacidade e dons para cumprirem a missão.

*      Sinal de Cumplicidade. Encontramos também no grego clássico o “impor de mãos” no sentido de cumplicidade quando generais eram enviados a terras distantes para coordenar uma província e as autoridades enviadoras impunham as mãos demonstrando ao povo que eles não seriam esquecidos, ou seja: permaneciam como parte do corpo. Para Paulo e Barnabé, significaria dizer que, por mais distantes que fossem, permaneceriam ligados à igreja de Antioquia. Que essa igreja continuaria responsável por eles, amando-os, desejando o melhor e, com certeza, sustentando-os. Ao meu ver, impor as mãos como sinal de autoridade e reconhecimento não é tão difícil como impô-las como sinal de cumplicidade, pois esse último é um ato contínuo que demanda dedicação e profundo amor. Kent Norgan afirmou que “é mais fácil amar aquele que se vê e ter compaixão ao que está sempre ao seu lado”.
Por fim, a igreja “... os despediu (apelusan), do grego “apoluo”, que significa “fazer as honras do envio”. Creio que havia aqui um aspecto prático, pelo qual líderes e irmãos pensaram também nas necessidades imediatas de Paulo e Barnabé, para a viagem e ministério. “Apoluo” é uma expressão formal, portanto leva-nos a crer que não foram despedidos de forma simples, mas antes houve um culto no qual a igreja oficialmente se reunira para enviá-los: um abençoado culto de envio.


Em Cristo
Pr. Capelão Miss. Edmundo Mendes Silva