quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Tenho prontas as feras..." - Martírio de São Policarpo


O martírio de São Policarpo é uma das mais antigas "paixões epistolares". Discípulo do apóstolo João, Policarpo foi feito bispo de Esmirna, uma das mais importantes comunidades cristãs.

Muitos cristãos conhecem de cor a frase: “Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2.10). Esta pequena frase faz parte da carta escrita à igreja de Esmirna. No mesmo versículo, alias antes da frase já citada, lemos o seguinte: “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias.” Notemos que “Sê fiel até a morte” não significa ser fiel até o fim da vida, até a velhice, mas significa ser fiel mesmo sob a ameaça de martírio, de assassinato por causa da fé em Cristo.

O bispo da igreja de Esmirna nessa mesma época era Policarpo. A Bíblia não relata quais foram as perseguições que os cristãos de Esmirna sofreram, mas nós temos o conhecimento do martírio de Policarpo. Abaixo esta o relato do livro História Eclesiástica que conta como se deu a morte do amado bispo, ou seja, de como ele viveu literalmente o texto sê fiel até a morte.

Em Esmirna (Turquia), no ano 155, a intolerância manifestou-se com o martírio do bispo Policarpo, provocado pela multidão enfurecida. O magistrado Herodes procedeu à prisão do bispo que, entretanto tinha deixado a cidade. Mandou-o levar ao estádio onde procurou convence-lo a renegar a fé:
- Pensa na tua idade e jura pelo gênio de César, convence-te uma vez por todas a gritar a morte dos ateus.
- Sim, morram os ateus!
- Jura e coloco-te em liberdade; amaldiçoa o Cristo.
- Fazem 86 anos que o sirvo, e ele nada fez de errado para comigo; como posso blasfemar contra o meu Rei e Salvador?
- Tenho prontas as feras; se não mudas de idéia lanço-te a elas.
- Chama-as! Nós cristãos não admitimos que se mude, passando do bem ao mal, mas acreditamos que é preciso converter-nos do pecado à justiça.
- Se não te importam as feras e se continuas a ter a mesma idéia fixa farei com que sejas consumido pelo fogo.
- Ameaças-me com um fogo que queima por pouco e depois se apaga; vê-se que não conheces aquele do juízo futuro, da pena eterna reservada aos ímpios. Porque queres ser condescendente? Faz o que quiseres.
Dizia isso com coragem e serenidade, irradiando tal graça do seu rosto, que nem parecia que fosse ele o processado, mas sim o Procônsul. Quando a fogueira foi preparada, amarraram-no com as mãos às costas, como um carneiro de um grande rebanho escolhido para o sacrifício, holocausto aceito por Deus. Elevando os olhos, ele rezou:
- Eu te bendigo, Senhor Deus onipotente, porque me fizeste digno deste dia e desta hora, de ser enumerado entre os mártires, de compartilhar o cálice do teu Cristo, para ressuscitar à vida eterna da alma e do corpo na incorruptibilidade do Espírito Santo.
Concluída a oração, a fogueira foi acesa; as chamas, porém, dobrando-se em forma de abóbada, como se fosse uma vela inchada pelo vento, circundou o corpo do mártir como um muro. Estava no meio não como corpo que queima, mas como pão que se doura assando ou como ouro e prata que são refinados no cadinho; sentiu-se um perfume como de incenso ou outro aroma precioso. Afinal, um carnífice matou-o com a espada.

Estaríamos nos pronto para manifestar o nosso verdadeiro sentimento de amor e adoração a Deus em Cristo Jesus, como policarpo o fez .
Que Deus em Cristo nos abençoe a entender o sentido de sacrifício.
Um abraço
Pr. Edmundo

Nenhum comentário:

Postar um comentário