É
preciso continuar perseguindo, nas igrejas cristãs brasileiras, o
desenvolvimento cada vez mais amplo da reflexão e da prática de uma vivência
missionária integrada. Ou seja, buscarmos uma compreensão cada vez mais
profunda de que a experiência missionária da igreja, ou o testemunho público do
evangelho, não pode ficar circunscrito a determinados “eventos evangelísticos”, muitas vezes ocasionais, que acabam
substituindo o que a igreja deve ser e fazer todo o tempo e o tempo todo.
As
várias dimensões do viver comunitário de uma igreja estão interligados, e cada
expressão deste viver, em consonância com os valores do Reino de Deus, é
utilizada pelo Espírito Santo para que o nome de Jesus seja mais conhecido e
adorado em nossos bairros e cidades.
Ainda
há muitos desafios a serem vencidos nesta caminhada de compreensão e
prática de uma ação missionária mais integral. Mas também há avanços e
conquistas, pelos quais precisamos agradecer a Deus. E somos convidados a uma
constante e santa inquietação que nos tire de toda e qualquer “acomodação programática evangelística”,
deixando de perceber a imperiosa necessidade de integração entre o que a
igreja é e o que a igreja faz. É preciso sujar os pés, mantendo
o coração purificado. Só assim estaremos aptos, pessoal e comunitariamente,
para cumprirmos o mandamento de Jesus de sermos sal e luz para a nossa cidade,
influenciando as pessoas para que elas vejam as coisas boas que fazemos, e
assim glorifiquem o nosso Pai, que está nos céus (Mateus 5. 16)! Que Deus nos
ajude.
PARA ENTENDER O
QUE A BÍBLIA FALA
Lucas,
autor do livro de Atos, nos oferece uma descrição da primeira comunidade
cristã, logo após o marcante evento da descida do Espírito Santo, no dia de
Pentecostes (Atos 2. 1-13). A primeira marca daquela comunidade, segundo Lucas,
era a perseverança no estudo bíblico, sob a liderança dos apóstolos (v. 42).
Mas, se eles haviam recebido o dom do Espírito Santo (v. 38), por que ainda
precisavam receber instruções sobre as Escrituras? Como isso poderia ajudá-los
a entender ou discernir a sua missão como igreja do Senhor?
Aqueles
primeiros cristãos também eram perseverantes nas atividades comunitárias que
davam expressão à sua nova
espiritualidade ou vida interior – comunhão (“partir do pão”) e
prática da oração (v. 42). E como é destacado no v. 46, isso era feito
tanto de maneira formal (“no pátio do templo”) como informal (“em suas casas”);
e havia espaço tanto para a reverência (“sinceridade de coração”) quanto para a
espontaneidade (com “alegria”). De que maneira essa vida tão próxima e dinâmica
ajudava a igreja a identificar e suprir suas reais necessidades (vv. 44-45)?
Apesar
de viverem sob incertezas e enfrentando necessidades, o que a expressão “louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo”
(v. 47) revela sobre o testemunho público daquela comunidade? Por que o povo da
cidade de identificava com eles?
O
final do v. 47 deixa claro que aquela igreja também se dedicava à difusão do
evangelho (evangelização), ou seja se preocupava também com “os de fora”. Lucas
não se preocupa em detalhar métodos ou práticas de ação, mas enfatiza dois
elementos fundamentais na evangelização cristã. Quais são esses elementos? Quem
era o protagonista principal (embora não exclusivo) em todo esse processo? A
evangelização era uma atividade ocasional ou esporádica?
Após
pensar em todos estes elementos, e em sua inevitável conexão, como você acha
que aqueles cristãos de Jerusalém chegaram ao entendimento de que todas as
expressões de suas vidas (material, social, espiritual…) deveriam ser
igualmente contempladas em sua experiência, ou seja, deveriam fazer parte do
seu escopo missionário?
HORA DE AVANÇAR
A
missão pode ou não envolver um cruzamento de fronteiras geográficas, mas em
todo caso tem a ver primordialmente com um cruzamento da fronteira entre a fé e
a não fé, seja na terra natal ou no exterior, em função do testemunho acerca de
Jesus Cristo como Senhor da totalidade da vida e de toda a criação.[…] Em
outras palavras, cada igreja, seja qual for a sua localização, é chamada a
participar na missão de Deus – uma missão que tem um alcance local, um alcance
regional e um alcance mundial –, começando em sua própria “Jerusalém”.
PARA PENSAR
O
capítulo 2 do livro de Atos, que tem como marco a dádiva do Espírito Santo no
dia de Pentecostes, está dividido em três partes: o evento em si (vv.
1-13), a explicação de Pedro, cheio do Espírito, sobre o que tinha acontecido
(vv. 14-41), e os efeitos produzidos pela presença do Espírito Santo na
comunidade cristã de Jerusalém (vv. 42-47). Assim, o protagonismo todo pertence
ao Espírito Santo.
John
Stott comenta: “Não precisamos esperar,
como os cento e vinte, pela vinda do Espírito Santo. Pois o Espírito Santo veio
no dia de Pentecostes, e nunca mais deixou a sua igreja. Nossa responsabilidade
é nos humilharmos diante de sua autoridade soberana, decididos a não apagá-lo,
mas a lhe dar toda a liberdade. E então nossas igrejas irão manifestar,
novamente, as marcas da presença do Espírito que muitos jovens estão buscando
especialmente: ensino bíblico, comunhão em amor, adoração viva e uma
evangelização contínua e ousada”.
O QUE DISSERAM
Todos
os ministérios da igreja têm uma dimensão evangelística. Não se deve confundir
evangelização com as múltiplas tarefas missionais da igreja. Não obstante, é
necessário reconhecer o potencial evangelístico de todas estas tarefas. A
congregação evangelística (isto é, a igreja como base da evangelização) não é
apenas uma que se mantem “ocupada” com atividades evangelísticas especiais, mas
uma que descobre a dimensão evangelística de tudo que é e que é chamada a
fazer, e não hesita em fazê-lo.
PARA RESPONDER
Considerando
os vários aspectos que, segundo Lucas, faziam parte daquela comunidade cristã
em Jerusalém, procure refletir qual destas áreas (ensino das Escrituras,
comunhão amorosa, adoração criativa, testemunho público do evangelho…) precisa
ser mais desenvolvida em sua igreja local. Como você, com a ajuda de Deus,
poderia se envolver mais e contribuir para este desenvolvimento?
Você
considera que a sua comunidade cristã conta com a simpatia das pessoas do seu
bairro, ou da sua cidade? Em outras palavras, essas pessoas sentiriam falta da
sua igreja caso ela se mudasse para outro lugar? Por que sim, ou por que não?
EU E DEUS
Pai,
concede-nos sabedoria para te conhecer, zelo para te buscar, um coração
disposto a meditar sobre ti, uma vida disposta a anunciar-te, no poder do
Espírito do nosso Senhor Jesus Cristo.
Um grande abraço em Cristo
Pr. Capelão Edmundo Mendes Silva
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