segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A IGREJA ANTE OS DESAFIOS DOS ÚLTIMOS DIAS

Enquanto agradecemos ao Senhor por mais um ano de estudo da sã doutrina, vemos que o mundo prossegue seguindo na porta larga, no caminho espaçoso que conduz à perdição (Mt.7:13). Vivemos dias difíceis, dias trabalhosos (II Tm.3:1), em que o mundo sofre uma multiplicação do pecado (Mt.24:12) e, como consequência disto, só se vê aumentar o sofrimento do gênero humano, a sua progressiva decadência moral e espiritual, decadência esta que não consegue nem de longe ser restringida pelo fenomenal desenvolvimento tecnológico-científico que também tem ocorrido no presente tempo.
A nossa leitura bíblica retrata sem rodeios a realidade imprópria dos tempos pós-modernos. Nunca houve, em toda a história da humanidade, uma época semelhante aos dias atuais onde é nítida a ausência de valores, principalmente aqueles que norteiam a dignidade do ser humano: o sentimento, o decoro, a vergonha, a moral, o caráter, o respeito e o temor a Deus, os quais constituem os verdadeiros alicerces para a vida individual e em sociedade. O crente jamais pode se eximir destes princípios, mesmo que tenha de ser considerado de retrógrado.
Todas as circunstâncias da atualidade indicam que é iminente o retorno de Cristo para vir buscar a sua Igreja. Entretanto, enquanto o Senhor não voltar, a Igreja deve prosseguir a sua missão de evangelização do mundo.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobreviverão tempos trabalhosos" (II Tm 3:1) - O apóstolo Paulo, em sua afirmação a seu filho na fé, Timóteo, já no ocaso da sua vida, quando estava preso em Roma, na sua segunda prisão, faz questão de relembrar que a Igreja passaria por momentos difíceis, que ainda não tinham chegado no tempo do apóstolo, o que nos mostra claramente que Paulo não se referia, em absoluto, ao período de perseguição que se apresentava naquele instante, desencadeada por Nero, a primeira das "dez grandes perseguições" que haveria contra a Igreja durante o Império Romano (os "dez dias" de Ap.2:10). O apóstolo apontava, também, para um período futurístico na história da Igreja em que os tempos seriam "trabalhosos".
Ao que parece estamos vivendo aqueles "últimos dias" referidos por Paulo, pois analisando com cuidado as palavras de Paulo podemos observar que os "últimos Dia" da história da Igreja, aqui na Terra, têm características diferentes dos "tempos trabalhosos" enfrentados por esta mesma Igreja em outros períodos da História, no passado, de forma especial, até o advento do chamado Tempo Pós-Moderno.
Nos "tempos trabalhosos" dos "últimos dias" Paulo não se refere a perseguições, mártires, prisões, mas fala de convulsões internas. O perigo estaria nessa época dentro ou no seio da própria igreja local. Esses "tempos trabalhosos" seriam caracterizados por um período de Apostasia cada vez mais intenso, bem como de uma crescente corrupção moral. Paulo enumera cerca de vinte diferentes aspectos da reprovação que iria caracterizar uma boa parte das lideranças da "Igreja", para depois afirmar que "...os homens maus e enganadores irão de mau para pior, enganando e sendo enganados" (II Tm 3:13). Assim, olhando para a Bíblia, e olhando para o chamado "mundo evangélico" temos a impressão de estarmos vivendo aqueles últimos dias referidos por Paulo.
§  Nestes "últimos dias", o mundo tem menos acesso a Deus, porque o que impede a comunicação entre Deus e os homens é o pecado (Is.59:2) e estes "últimos dias" são dias em que o pecado está aumentando sobremaneira (Mt.24:12). Até mesmo as pessoas que tiveram um contacto com o Salvador Jesus, que, uma vez receberam o amor de Deus derramado em seus corações (Rm.5:5), terão este amor esfriado, perderão este sentimento.
§  Nestes "últimos dias", o desamor é uma constante e, em virtude disto, os dias são repletos de violência, pois a vida humana é vilipendiada, já que não há amor a Deus e, consequentemente, não há amor ao próximo. O homem é menosprezado e se desenvolve, entre os homens, uma verdadeira "cultura da morte".
§  Nestes "últimos dias", multiplica-se o pecado e, com ele, multiplicam-se os problemas. Sem dar guarida a Deus e ao seu amor, a humanidade acaba correndo de um lado para outro, como ovelhas desgarradas que não têm pastor (Mt.9:36), sem direção, sem qualquer orientação, o que faz com que surjam inúmeros problemas.
§  Nestes "últimos dias" está acontecendo um alto grau de ferocidade entre as pessoas. Com efeito, sendo o desamor a tônica do relacionamento entre os homens, pois o próprio apóstolo Paulo, ao descrever os últimos dias, diz que seriam dias em que os homens seriam amantes de si mesmos, sem amor para com os bons (II Tm.3:2,3). Assim, são pessoas que só pensam em si próprios e cria condições múltiplas para se servirem do próximo, aproveitarem-se dele e o explorarem o máximo possível. Em virtude desta "ferocidade humana", vivemos dias furiosos, ou seja, dias em que o individualismo, o egoísmo, a vileza com que o homem é tratado faz com que as pessoas se tornem desconfiadas, desacreditadas umas das outras, comportamento que prejudica todo e qualquer relacionamento. A consequência disto é a expansão do ódio, da raiva, da ira. As pessoas agem em relação às outras como se estas fossem, há muito, suas inimigas. Vivemos a época da insegurança e do medo indiscriminados.
§  Nestes "últimos dias", o homem não tem a menor preocupação em prejudicar o outro, desde que isto lhe seja conveniente e contribua para que atinja os seus objetivos, objetivos estes que dizem respeito somente a si próprio. A ganância, o prazer, o bem-estar próprio, a satisfação do seu ego, é só isto que é estimulado, incentivado e almejado pelo homem dos últimos dias. Vivemos dias em que, mais do que nunca, como afirmava o filósofo inglês Thomas Hobbes, "o homem é o lobo do homem" e toda a ferocidade humana é revelada ao seu próximo. Por isso, os homens são desobedientes a pais e mães, ingratos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, cruéis, obstinados e orgulhosos (II Tm.3:2-4).
§  Nestes "últimos dias", têm surgido no meio do povo de Deus, enganadores, pessoas que, tendo aparência de piedade, negam, com seus atos, a eficácia dela (II Tm.3:5). Os últimos dias, dizem-nos Pedro e Judas (II Pe.3:3 e Jd.18), são dias em que surgem os falsos mestres, que são os condutores de muitos pelo caminho da apostasia, ou seja, do afastamento deliberado da sã doutrina, do desvio espiritual.
§  Estes "últimos dias" são dias em que os cristãos são tratados como mercadorias, em que há a mercantilização da fé, em que muitos se levantam não para servir a Deus, mas para levar os salvos ao seu próprio serviço, num ultraje nunca antes visto em toda a história da humanidade. São dias de proliferação de falsas doutrinas, de doutrinas de homens e de demônios, de lutas pelo poder eclesiástico, de escândalos, onde há uma amizade com o pecado e com os deleites humanos e total menosprezo à santidade, à pureza e à sinceridade no propósito de adorar o Senhor.

I - CARACTERÍSTICAS DOS TEMPOS PÓS - MODERNOS
A humanidade experimentou, ao longo de sua história, diferentes momentos, com características bastante específicas que contribuíram para distinguir de forma clara uma época da outra. Basicamente, a história humana tem sido dividida em "idades", a saber:
a)     Idade Antiga ou Antigüidade - que é o período que vai desde a descoberta da escrita até o ano de 476, quando Roma foi invadida e destronado o seu último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augústulo. É o período em que se formam grandes impérios mundiais, em que as civilizações são, principalmente, formadas no Oriente Médio (com exceção de Grécia e de Roma), onde prevalece a mão-de-obra escrava e uma forte influência religiosa, religiões que são politeístas, ou seja, têm vários deuses. A exceção é os hebreus, que cultuam apenas um Deus, e será um hebreu, Jesus Cristo, que mudará radicalmente este mundo antigo. Com a prevalência do Cristianismo no Império Romano, o chamado "mundo antigo" deixa de existir.
b)    Idade Média - que é o período que vai de 476 até 1453, quando os turcos otomanos invadem Constantinopla e põem fim ao Império Bizantino ou Império Romano do Oriente. É o período em que o Cristianismo domina a Europa, principalmente a Igreja Católica Apostólica Romana, que centraliza toda a concepção de vida ou "cosmovisão" do período. No Oriente, o enfraquecimento do Império Romano do Oriente faz com que o cristianismo perca espaço para novas crenças, em especial o Islamismo, que surge entre os árabes, que vão formar um grande império. O contacto entre Oriente e Ocidente, a partir das chamadas Cruzadas, expedições em que o Papado tenta reconquistar a Terra Santa, que está nas mãos dos muçulmanos, faz com que haja uma completa transformação no mundo ocidental, com a perda de domínio do Papado sobre os governos europeus e um distanciamento da atividade científica e tecnológica dos princípios religiosos católicos que, aliás, foram vigorosamente combatidos pelo surgimento da Reforma Protestante. 
c)     Idade Moderna - que é o período que vai de 1453 até 1789, quando ocorreu a Revolução Francesa. Neste período, cada vez mais a ciência e a filosofia se distanciam dos dogmas religiosos. Chega-se mesmo a entender que há uma oposição entre ciência e fé. O mundo ocidental começa a perder o seu referencial religioso cristão, o que se denominou de "secularização do mundo". A verdade passa a ser procurada na ciência. Este movimento alcança com a Revolução Francesa o seu triunfo.
d)    Idade Contemporânea - que é o período que se inicia em 1789. Neste período surgiram os sistemas filosóficos francamente hostis ao cristianismo e a própria idéia de adoração a Deus. A evolução da ciência e da tecnologia confirmaram esta hostilidade. Entretanto, o homem, ao confiar na razão, é lançado em um grande número de conflitos e de problemas, inclusive as duas guerras mundiais e a perspectiva de destruição total no período da chamada "guerra fria" (1947-1989). A partir do fracasso da experiência comunista, explicitamente atéia, há uma total descrença na própria idéia de verdade, o que configura o início do movimento considerado como "pós-moderno", ou seja, não mais se aceita que a verdade venha da razão, mas se duvida até de que exista uma verdade.

e)     Pós-Modernidade - é o período da História que veio tomar o lugar do período moderno. É o período em que vivemos atualmente, considerado como "últimos dias". Esse período da história do homem teve seu início no final do século 20, quando ocorreu no mundo o avanço de uma mentalidade caracterizada pela demolição dos fundamentos da sociedade ocidental cristã. A caracterização deste período foi marcada com a falência do comunismo, a derrocada do Muro de Berlim e o insucesso dos modelos econômicos, bem como o desenvolvimento da tecnologia e da ciência moderna no afã de resolver os problemas da humanidade. A pós-modernidade não é um movimento organizado, mas uma visão que influencia a academia, a religião, a arte, a cultura e a economia. Neste período, o conceito de certo e errado, antes tidos por altamente definidos, hoje têm sido relativizados, pois o pensamento vigente é de que "o que é certo para mim pode não ser necessariamente certo para você".
§  Nestes "últimos dias" caracterizados como pós-modernos, Satanás tenta destruir os fundamentos bíblicos e depreciar os bons costumes antes reconhecidos pela sociedade. O que se percebe, portanto, é que, nestes "últimos dias", prevalece um pensamento de que não existe sequer a verdade. Tendo, a partir da "modernidade", deixado à própria idéia de Deus de lado o homem, decepcionado em ter usado em vão a razão, o seu poder de raciocínio para descobrir a verdade e alcançar a felicidade, agora está tentado a achar que verdade não existe, que a própria vida não faz sentido, motivo pelo qual se deve aproveitá-la ao máximo no aqui e no agora.
O mundo em que vivemos é um mundo descrente, que não pensa em Deus nem em algo que vá além do que se vê, do que se observa no mundo presente. É este mundo que deve ser evangelizado pela Igreja.
§  Nestes "últimos Dias" dos "Tempos Trabalhosos" da Igreja, neste período do pós-moderno, Satanás está envidando esforços no sentido de concretizar a integração entre a Igreja e o Mundo, entre o Reino da Luz e o reino das trevas. Para que isto aconteça ele precisa destruir a Identidade da Igreja, como sendo o povo de Deus aqui na Terra, e a Identidade de cada Crente, como sendo "filho de Deus". Neste sentido Satanás trabalha com o objetivo de introduzir o mundo, com todas suas bagagens diabólicas, no seio da Igreja, bem como de atrair a Igreja para as coisas do mundo. Para a consecução dos seus objetivos é preciso diminuir, mais e mais, as distâncias que separam a Igreja do mundo, apagar a linha divisória para que ela possa ser cruzada, despercebidamente, por muitos. Lamentavelmente, satanás está obtendo grandes resultados nesta sua maneira de agir. No passado, nos primeiros momentos, ou séculos, dos "tempos trabalhosos", ele usou os inimigos dos cristãos para atacarem a Igreja de fora para dentro, porém não deu certo. Entretanto, neste período da história em que vivemos, chamado de pós-moderno, sua tática mudou. Primeiro ele infiltrou seus agentes, travestidos de obreiros, para enganar os inocentes que não se dedicam ao conhecimento da Palavra de Deus. Estes agentes de Satanás, não são outros senão aqueles que Paulo, por inspiração do Espírito Santo, previu que viriam nos "últimos dias" e enumerou cerca de vinte aspectos negativos pelos quais eles poderiam ser identificados. Por incrível que pareça estes homens desqualificados poderá se encontrar entre nós, no meio do Povo Evangélico, em posições de liderança. Paulo disse "haverá", apontando para o futuro, para os "últimos dias".
A arma que o cristão deve usar nestes últimos dias, para atacar os terríveis tempos que vivemos é a "espada do Espírito", ou seja, a Palavra de Deus. Assim como Jesus lutou contra o adversário fazendo uso desta arma, a única arma de ataque da armadura do cristão (Ef.6:17b), também não podemos, nos dias difíceis, abrir mão de usar esta arma. Não é por outro motivo que se tenta tanto desacreditar as Escrituras ou impedir que elas estejam nas mãos, mentes e corações do povo de Deus.
1)     Uma sociedade centrada no homem - É o que chamamos de Antropocentrismo, ou seja, o homem colocado no centro dos conhecimentos. A sociedade pós-moderna tem como base a célebre declaração de que "o homem é a medida de todas as coisas". Isto pressupõe a predominância da filosófica humanista que o coloca como o centro do Universo, em flagrante contraste com o ensino bíblico de que todas as coisas foram criadas para a glória de Deus (Sl 73:25; I co 10:31; 1Pe 4:11).
O mundo lá fora, ou a sociedade dos homens, rejeitou o Teocentrismo, ou seja, Deus como o centro do Universo, e que, em torno dEle, e sob o seu comando as coisas acontecem. No mundo antropocentrista, predomina a força do homem e tudo gira em torno daquilo que o homem é, que o homem tem, e que o homem pode. "É possível, mesmo na igreja local, encontrar pessoas que pregam um "evangelho" que vise satisfazer a audiência, desejosa de ter riquezas e uma vida sossegada. Títulos têm valido mais que o caráter dos obreiros, valorizando o "ter em detrimento do ser".
Está escrita em 1Co 3:5-7 a recomendação Bíblica de que a Igreja não vive em função do homem, mas de Deus, ou seja, vive sob o regime do Teocentrismo. Na Igreja ainda prevalece aquele princípio estabelecido por Jesus quando disse: "...porque sem mim nada podeis fazer" (João 15:5).
Sejamos vigilantes, pois Satanás trabalha dia e noite para descaracterizar a Igreja, como Igreja, e fazer dela uma sociedade de homens, tendo o homem no seu centro, e, assim, fazer a Integração entre a Igreja e o Mundo, apagando as diferenças existentes entre estes dois povos. Portanto, o maior desafio enfrentado pela Igreja, nestes "últimos dias", conhecidos como pós-modernos, é não permitir que Satanás destrua sua Identidade a qual a caracteriza como sendo uma "...Igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" (Ef 5:17).

2)    Uma sociedade centrada no relativismo - Outro aspecto do período pós-moderno é o relativismo. Sob essa ótica não há lugar para os princípios e ensinos imutáveis da Palavra de Deus, válidos para "todas as pessoas, em qualquer época e em todos os lugares". O valor absoluto e imutável da Palavra de Deus é qualificado como impróprio por aqueles que vivem ao bel-prazer de suas concupiscências e são prisioneiros do contexto e das convenções sociais do momento.
O relativismo é uma das vãs filosofias que nestes tempos do pós-moderno, procura justificar o comportamento pecaminoso e antibíblico daqueles que não são guiados pelo Espírito Santo. Segundo o relativismo nada pode ser definitivamente certo, pois, a verdade está sujeita a fatores aleatórios, ou subjetivos. Assim, os princípios éticos e morais variam de lugar para lugar, pois, estão sujeitos às circunstâncias culturais, políticas e históricas. É claro que o Relativismo contrasta com as verdades proclamadas pela Bíblia Sagrada. A Bíblia fala de valores absolutos e imutáveis válidos e aplicáveis em qualquer parte da Terra, pois, a doutrina Bíblica se apóia em dois princípios: imutabilidade e universalidade. Por estes dois princípios a doutrina não sofre a ação do tempo e nem do espaço. Pelo princípio de Imutabilidade significa que nós estamos ensinando, hoje, a mesma doutrina Bíblica que os Apóstolos ensinaram. Ela não mudou e nem mudará. Ela é verdadeira e absoluta. Pelo Princípio da Universalidade, onde houver um homem, em qualquer lugar da terra, a doutrina bíblica é válida para ele. O que a Bíblia definir como sendo pecado, será pecado em toda a Terra. Assim, os princípios éticos e morais que o relativismo afirma mudar de lugar para lugar, pela Bíblia eles são imutáveis.

II - O DESAFIO DAS COSMOVISÕES DA HUMANIDADE
"Cosmovisão é o conjunto de crenças e práticas que moldam a abordagem das pessoas aos argumentos mais importantes da vida". É o resultado da forma como as pessoas vêem o mundo. Em linhas gerais, a cosmovisão de cada pessoa se constrói a partir de sua herança cultural, religiosa e social. Podemos dizer que a maneira como a pessoa ver o mundo e se relaciona com ele deve-se ao legado adquirido desde sua infância. "Por meio de nossa cosmovisão determinamos prioridades, explicamos nossa relação com Deus e com os seres humanos, valorizamos o significado dos acontecimentos e justificamos nossas ações".

Nestes "últimos dias" há duas cosmovisões em conflito.
1)    A cosmovisão naturalista - Este conjunto de crenças e práticas, exclui Deus como o Criador de todas as coisas e acredita que o homem e o mundo são produtos do acaso. Os seguidores desta teoria anticristã não aceitam o fato da soberania divina e tratam a existência do homem e da mulher com decorrentes da evolução das espécies, o que significa igualar a espécie humana a qualquer outra. Isso demonstra o alto grau de pauperização espiritual, e a absoluta cauterização da mente humana e do seu real afastamento e abandono de Deus.
A Igreja está diante de um grande desafio: levar à Palavra de Deus às pessoas seguidoras desta teoria anticristã. Mas para isso é necessário demonstrarmos que somos diferentes. Aliás, um dos desafios destes -últimos dias- é ser diferente do mundo e dos homens sem Deus - A Igreja, no seu todo, e cada crente, em particular, só poderá ser um referencial para o mundo e para os homens se viver de uma maneira diferente do que vive o mundo e do que vivem os homens; se tiver motivos para justificar o convite para que as pessoas que estão lá fora venham para o nosso meio e para viverem como nós vivemos. Se convidarmos, e elas vierem, e aqui descobrirem que em nosso meio existe a mesma luta pelo poder, como existe lá fora, o mesmo apego às coisas materiais, as mesmas mentiras e trapaças, as mesmas traições, calúnias e injúrias, os mesmos sentimentos de vaidade, de orgulho e de egoísmo, a mesma falta de união e de amor, as mesmas desconfianças, ciúmes e traições, então, elas não terão motivos para desejarem ficar conosco.
Diz-se que "os opostos se atraem". Assim, como opostos, nós temos que atrair aqueles que são diferentes de nós. Estes chegando em nosso meio precisam sentir que estão num ambiente melhor, tanto no sentido espiritual como também material e, principalmente, moral. Precisam ver que não somos homens do passado, que pararam no tempo, desatualizados. Não é isto que Deus quer de nós. Deus quer que sejamos homens do nosso tempo, homens que saibam viver e aproveitar os frutos da ciência e da tecnologia moderna, porém, conservando o padrão moral vivido pelos homens dos "tempos bíblicos", como foram os Apóstolos e os primeiros cristãos. Ser diferente não significa ser ignorante, andar mal vestido. Ser diferente significa ter amor para oferecer aos nossos e aos recém chegados, ter uma amizade sincera para quem precisa de um amigo; significa honrar sua palavra e seus compromissos; significa viver e pregar aquilo que vive e viver aquilo que prega e que ensina. Pregar e ensinar na unção do Espírito de Deus, palavras que alcançam não apenas a mente, mas, também, e principalmente, a alma e espírito.



2)    A cosmovisão judaico-cristã - Esta teoria tem os seus princípios regidos pela revelação Bíblica, por isso ela é veementemente questionada por aqueles que adotam a cosmovisão naturalista. Adota-se na cosmovisão judaico-cristã o regime Teocentrista, ou seja, Deus é o centro do Universo, e em torno dEle, e sob seu comando as coisas acontecem. A Bíblia, que é a Palavra de Deus, registra isso contundentemente em Gn 1:1 ;Is 45:12. Para tudo que Deus criou há um propósito soberano - veja os textos contidos em Cl 1:13-17; Pv 16:14; Is 43:7; Rm 11:36, e a sua obra prima " o homem " não foi jogado ao ermo, mas leis morais foram estabelecidas como padrão de conduta para ele como se pode constatar em Ex 13:9 ;Mt 5, 6 e 7. Porque os seguidores da cosmovisão naturalista querem se utilizar desta ferramenta ímpia, incrédula e herética para explicar o mundo" A resposta está na própria Bíblia em 2Co 4:4: ?o deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus". E são essas pessoas "cegas" que ocupam os lugares estratégicos na formulação do pensamento norteador da vida em sociedade. É como está escrito em 1 João 5: 19: " Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno". Por isso o maior desafio a ser superado pela Igreja, nestes últimos dias, para não perder sua Identidade Bíblica de Noiva do Cordeiro é viver diferente do mundo. O desejo de Deus é, pois, que a Igreja leve o mundo a querer viver como ela vive, bem como a querer conhecer o Deus a quem ela serve. No passado a Igreja cumpriu o desejo de Deus, porém neste "últimos dias", conhecidos como pós-modernos, Satanás está envidando todos os seus esforços para inverter esta situação, ou seja, ele quer levar a Igreja a viver como o mundo, a rejeitar o seu Rei e a adotar os seus ídolos, tal como fez Israel, no passado. Portanto, ser diferente ou ser igual ao mundo, é um dos desafios que a Igreja e que cada crente, em particular, enfrenta nestes últimos dias.

III - O DESAFIO DO MULTICULTURALISMO
1)    A essência do multiculturalismo - Após a insurgência da globalização, ficou muito difícil para o autêntico cristão, a assimilação dos diversos modelos culturais entre os povos. O comportamento pecaminoso e antibíblico daqueles que não são guiados pelo Espírito Santo,como são os adeptos da filosofica relativista, tem se espalhado de uma forma célere e assustadora entre as múltiplas culturas do mundo. O multiculturalismo deixa claro que não há nenhuma verdade absoluta, ou seja, as verdades são particulares e relativas e cada povo tem a sua forma de acatá-las, e expressá-las, tese esta ímpia, diabólica, pois vai de encontro aos preceitos universais e imutáveis da Palavra de Deus. Com isso, cada vez mais o desafio da Igreja em conquistar pessoas ao aprisco do Senhor aumenta. Entretanto, mesmo a Igreja, tendo pouca força (Ap.3:8), ou seja, que seja numericamente inferior aos ímpios, que não tenha presença nem influência entre os detentores de poder econômico e político, que tenha de, ao mesmo tempo em que enfrenta o mundo, ter de cuidar daqueles que apostatam no seu interior, guarda a Palavra do Senhor e sabe que tem uma porta aberta para anunciar as boas novas de salvação a esta humanidade perdida e que, iludida, pensa ter "superado" a verdade do Evangelho. É esta resposta que a Igreja, que somos nós, temos de apresentar ao mundo nestes momentos finais da dispensação da graça.

2)    A fé cristã e o multiculturalismo - Surge uma grande pergunta: como expressar a fé bíblica e cristã em meio ao generalizado multiculturalismo pós-moderno- Devemos, em primeiro lugar, sermos cônscios de que somos diferentes e devemos mostrar isso na prática. Em segundo lugar, devemos discernir em cada cultura aquilo que é "bíblico, extrabíblico e antibíblico", e equiparmo-nos com os necessários e devidos meios e instrumentos para a proclamação da verdade divina sob a unção do Espírito Santo que nos capacita para isto. Não são poucos os que defendem que vivemos um período "pós-cristão", um instante de "superação" e "evolução" diante da doutrina cristã, uma "nova era", que dizem ser de perspectivas múltiplas de paz, harmonia e progresso, porém, à luz da Bíblia Sagrada, isto é uma demonstração nítida e evidente de que o mundo "jás no maligno", um mundo distanciando dos ensinamentos do Filho de Deus. Entretanto, apesar de toda esta atitude despropositada, que é fruto da cegueira espiritual do homem, imerso no pecado e na maldade (II Co.4:4), ainda se encontra sobre a face da Terra, ainda que não por muito tempo, a Igreja - a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para anunciar as virtudes de Jesus Cristo (I Pe.2:9). Ela tem de enfrentar todas as circunstâncias do multiculturalismo pós-moderno e continuar a dizer que a única solução, a única esperança para o homem é crer em Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador. A própria razão de ser da Igreja, a sua própria natureza faz com que toda e qualquer atividade do povo de Deus aqui na Terra seja um desafio, uma deliberada provocação ao mal e ao pecado.

Em dias de multiplicação de iniqüidade e de esfriamento do amor por parte de grande maioria de crentes, deve a Igreja fiel, a Igreja verdadeiramente comprometida com o seu Senhor, apresentar-se em condições de seguir avante no desafio que lhe foi proposto, não desanimando, apesar de verificar que, numericamente, possa estar em desvantagem e que muitos, a grande parte daqueles que cerraram fileiras juntamente com elas, venham, em virtude da multiplicação do pecado, traí-la e mudar de lado.

Que Deus em Cristo tenha misericórdia de todo nos.

Pr. Miss. Capelão Edmundo Mendes Silva

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