Na nossa igreja em Dubai, nós temos nos
maravilhado em testemunhar conversões de pessoas da Eritreia e do Uzbequistão,
da Síria e da África do Sul, da Escócia e da Espanha, do Irã e da Índia, da
Holanda e da Bolívia, da Alemanha e da China e de outros países. Elas vêm de
contextos religiosos e seculares, tradicionais e progressivos, muçulmanos e
hindus, jovens e idosos.
Qual é a chave para abrir os corações
dessas pessoas de contextos culturais e religiosos tão diversos?
A resposta é que não há “chave
transcultural”. Em nosso evangelismo aqui, nós não fazemos nada
diferente do que faríamos em qualquer outro lugar. Nossos métodos
evangelísticos não têm qualquer criatividade. Sugerir que algumas pessoas são
mais fáceis de se converter do que outras é avesso às Escrituras. Todos nós,
por natureza, estamos longe do Senhor. Então, em nosso evangelismo devemos
testemunhar, orar e aguardar o mover soberano do Espírito.
Não existe “chave” para entrar em um
necrotério espiritual.
Mas isso não significa que a diversidade
cultural seja irrelevante para o evangelismo. A maioria das cidades do mundo
estão se tornando cada vez mais etnicamente diversas. Com 202 nacionalidades em
seu mercado de trabalho, Dubai está adiantada nessa área. O mundo voltou os
olhos para a Arábia, trazendo desafios e oportunidades para o evangelismo.
Eis aqui três lições que aprendemos pelo
fato de vivermos e ministrarmos em um ambiente ultra-multicultural:
1. Comunique-se claramente
Primeiro, comunique-se claramente.
Muçulmanos são ensinados desde a infância que Deus não tem Filho algum. Os
hindus negam a existência de um Criador transcendente que fundamenta toda a
existência e moralidade. Humanistas seculares pensam que a verdade religiosa é
relativa. Então, com quem quer que estejamos falando, devemos definir nossos
termos de forma clara. Com muçulmanos, nós analisamos o que a Bíblia quer dizer
a respeito do Filho de Deus: não que o Pai e Maria tenham fisicamente produzido
descendentes, semelhante a Zeus e Dânae, mas que a imagem eterna do Deus
invisível, cuja existência precedeu a do universo, veio por si mesmo e
encarnou.
Com hindus, nós trabalhamos para
explicar um universo moral, onde bem e mal são definidos pelo caráter de Deus e
sua vontade revelada. É inútil falar sobre “pecado” (Rm 3.23) ou apontar as
pessoas para o “Filho” (Jo 3.16), a menos e até que tenhamos explicado esses
conceitos. Em contextos multiculturais, devemos, como D.A. Carson disse:
“começar nosso evangelismo muito mais atrás para fornecer mais do enredo da
Bíblia, a fim de que as boas novas tenham coerência [...] então temos que
explicar mais da doutrina de Deus e, consequentemente, do Filho, para uma
geração que não sabe nada a respeito da Trindade”.[1]
É por isso que quando Thabiti Anyabwile
publicamente dialogou com o ativista muçulmano Shabir Ally em Dubai no ano
passado, sua declaração de abertura foi um rápido panorama da teologia do
Antigo Testamento, que os conduziu à vida e ao ministério de Jesus. A menos que
os ouvintes tenham compreendido o enredo da Bíblia, o significado da expiação
não faria sentido para eles.
Trata-se simplesmente de comunicação
clara, que é de máxima importância quando vivemos entre pessoas que são
iletradas biblicamente e vacinadas contra uma cosmovisão bíblica.
2. Proclame a Palavra
Segundo, proclame a Palavra. Tiago
ensina que Deus “nos gerou pela palavra da verdade”
(Tg 1.18). Onde quer que estejamos, o agente da regeneração é a revelação
bíblica, lida e proclamada. É por isso que, em nosso evangelismo, se a pessoa
sabe ler, nosso objetivo deve ser estudar a Bíblia com ela, independente de sua
cultura.
O “evangelismo por amizade” está cada
vez mais popular no Oriente Médio e em muitos outros lugares, devido à
impressão (equivocada) de que não podemos ou não devemos comunicar direta e
claramente o que é a mensagem cristã, mas, em vez disso, deveríamos
fazer alusões e insinuações até que o nosso amigo demonstre uma abertura para
ouvir mais. O evangelismo por amizade enfatiza que devemos conquistar o direito
de falar do evangelho para outra pessoa. É claro, não devemos usar as pessoas
meramente como projetos evangelísticos. Mas, como um evangelista me disse,
existe o perigo de priorizar a amizade em detrimento do evangelismo. Uma
preocupação excessiva quanto ao contexto e as técnicas tenderá a ofuscar o
mandamento de simplesmente “pregar a Palavra”.
3. Use a igreja local
Terceiro, use a igreja local. Em
qualquer continente que você esteja, a igreja é uma reunião de pessoas que
habitam o Espírito de Deus, e que se reúnem semanalmente para a pregação,
louvor, oração e ordenanças. Paulo esperava que a assembleia semanal não só
edificasse os crentes, mas também convencesse os incrédulos que compareciam (1 Co
14.25).
Ao longo dos anos, muitas pessoas de
países de “acesso restrito” ou “fechados” silenciosamente frequentaram a nossa
igreja ou, até mesmo, entraram em nosso prédio durante a semana, e pediram para
aprender a respeito de Jesus. Ou ligaram para a secretaria da igreja,
identificaram sua religião e pediram para encontrar com alguém a fim de
considerar as reivindicações de Cristo. Nós todos ficávamos muito felizes em
atender ao chamado — não a fim de pressionar ninguém, mas para oferecermos
amizade, explicações claras e verdadeiras a respeito do evangelho, e a
oportunidade de observar a exposição tridimensional do evangelho que é a igreja
local.
Em muitos desses casos, tais pessoas
nasceram de novo e se uniram a nós. Elas não só ouviram e entenderam o
evangelho, mas viram como o poder de Cristo muda indivíduos e
influencia comunidades inteiras que têm pouco em comum, exceto no que concerne
a Cristo. A igreja, então, é o ressoar da confirmação do evangelho que está
sendo proclamado.
Estranho a todas as culturas
Cada vez mais, cidades globais são o lar
de igrejas multinacionais que adoram em inglês, a lingua franca do
nosso tempo. Tais igrejas alcançam incontáveis grupos nacionais e étnicos,
mesmo através do inglês como segunda língua. Quando expatriados retornam às suas
terras, eles levam o evangelho com eles.
É verdade que o multiculturalismo impõe
desafios para o evangelismo. Contudo, independentemente do lugar de onde
viemos, devemos lembrar que o evangelho é estranho a todas as culturas.
Independente de toda a nossa diversidade, ainda somos filhos e filhas de Adão e
Eva, e necessitamos do único remédio que apenas Jesus pode garantir: redenção,
o perdão dos pecados.
Igrejas em contextos multiétnicos devem
trabalhar muito para se comunicarem de forma clara, respeitando cuidadosamente
a teologia bíblica. Nós devemos estar centrados na verdade bíblica para que
ultrapassemos toda espécie de barreira cultural e religiosa. E devemos
sustentar a igreja como a exposição do evangelho para as nações.
Um Abraço em Cristo
Pr. Miss. Capelão Edmundo Mendes Silva
Formado em Psicologia Pastoral. Clinica
Pastoral
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