“Se Deus quer a evangelização do mundo, mas te recusas a
sustentar as missões, então te opões à vontade de Deus.” Oswald
Smith.
A Bíblia
diz que a contribuição não é um peso, mas uma graça. Graça é um dom
imerecido: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça
de Deus concedida às igrejas da Macedônia” (2 Co 8.1). A
contribuição não é somente alguma coisa que apresentamos a Deus, porém,
principalmente, uma graça que Deus concede a nós. Deus nos dá o privilégio de
sermos parceiros no grande projeto de evangelização do mundo e assistência aos
santos.
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A
contribuição é uma semeadura e o dinheiro é uma semente. A sementeira que se
multiplica é a que semeamos e não a que comemos. Quando semeamos com abundância,
colhemos com abastança: “E isto afirmo:
aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com
abundância também ceifará” (2 Co 9.6).
1. A DIFICULDADE
MISSIONÁRIA DA IGREJA:
Alguém
disse que os jovens gastam mais com refrigerantes do que com a obra
missionária, que as mulheres gastam mais com cosméticos do que com a obra
missionária, que os homens gastam mais com sua bebida preferida ou seu esporte
favorito do que com a obra missionária e que muitos gastam mais com o
veterinário do seu cãozinho de estimação do que com a obra missionária.
A
dificuldade missionária da igreja não é carência de recursos, mas de uma
mordomia, administração, certa dos recursos financeiros dados pelo Senhor.
2. DOIS
OBSTÁCULOS POSTOS NA OBRA MISSIONÁRIA:
Segundo
Arival Dias Casimiro, sempre que uma igreja local é chamada para investir em
missão dois obstáculos são postos:
1.
“O que arrecadamos é pouco e mal dá para
atender às nossas necessidades”.
2.
“A nossa igreja é pobre e não tem
recursos para investir em missão”.
Biblicamente
falando, não há qualquer base para estes dois argumentos. Quando o Espírito
Santo age em uma igreja local as finanças da mesma são apreciadas puramente
para demonstrar o amor de Deus por meio do auxílio aos necessitados: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma.
Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo,
porém, lhes era comum... Porquanto os que possuíam terras ou casas,
vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos
apóstolos; então se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha
necessidade” (At 4.32,34,35).
É
o Espírito de Deus quem desperta a solidariedade na igreja. Lembremos que Ele
não precisa de dinheiro para agir. Não é Deus quem precisa de dinheiro. Nós é
que recebemos bondosamente a graça de poder contribuir para o Reino de Deus.
Deus é o Dono dos nossos bens, por conseguinte, Ele independe dos nossos
recursos materiais. O problema que existe hoje é que somos diferentes dos
cristãos do primeiro século. Na Igreja Primitiva os crentes contavam o
testemunho assim: “Antes de sermos
cristãos tínhamos casas e fazendas, e agora que somos convertidos a Cristo
vendemos tudo e distribuímos aos pobres”. Hoje em dia, o que
falamos é o oposto: “Antes de sermos cristãos não tínhamos casa nem carro, agora que somos
crentes temos casa e carro”. O testemunho que deve ser proclamado é o
da mensagem da cruz, o Evangelho de Deus.
3. A IMPORTÂNCIA
DE CONTRIBUIR PARA O SUSTENTO MISSIONÁRIO:
É
triste ouvir testemunhos de missionários que estão passando necessidades por
negligência e descuidos de alguns que se dizem serem filhos de Deus. No
entanto, são mercenários que roubam a
Deus. Também é uma aflição vê o dinheiro ser gasto com e em coisas supérfluas.
Sabemos que os dízimos e as ofertas são para manterem a casa do tesouro (os
obreiros) e não para construir “palácios e
castelos”, sendo que todos eles serão destruídos e que Deus não
habita neles, mas, nos seres humanos. Segundo At 20.35 todo missionário deve
ser o primeiro a ofertar, todo contribuinte na obra missionária é abençoado e
todo recurso ofertado deve ser aplicado para suprir necessidades: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é
mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus:
Mais bem-aventurado é dar que receber”. Apesar da negligência de
alguns, Deus ainda providencia os recursos necessários para o sustento da obra
missionária. A obra de Deus não para. Ela avança.
4. DEUS PROVIDENCIA
OS RECURSOS NECESSÁRIOS PARA A OBRA MISSIONÁRIA:
Deus
é tão gracioso que quando a igreja vive em obediência missionária, investindo
em missão, Ele providencia os recursos materiais necessários: “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que
Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave,
como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua
riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas
necessidades. Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos.
Amém!” (Fp 4.18-20). Assim, Paulo demonstra que o poder que
atua com eficiência na igreja é o poder do Espírito Santo e não do dinheiro.
Aqui está um alerta: Deus julga nossas ofertas pela nossa motivação e não pela
soma ofertada. Portanto, tenhamos cuidado com a maneira como ofertamos a Deus
(ver At 5.1-11).
5. O SUSTENTO
MISSIONÁRIO DE PAULO:
O
apóstolo Paulo nos motiva a contribuir para a obra de Deus:
a)
Mesmo quando as circunstâncias estão difíceis: “Também,
irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia;
porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de
alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua
generosidade.” (2 Co 8.1,2);
b)
Pela graça de contribuir: “Porque eles,
testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram
voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da
assistência aos santos” (2 Co 8.3,4);
c)
Seguindo o exemplo de Jesus (ver 2 Co 8.5-9);
d)
Pela fé (ver 2 Co 8.13-24).
Agora,
analisemos o sustento missionário de Paulo:
a)
Empregou-se de uma profissão alternativa (fazedor de tendas) para alçar o seu
sustento para não escandalizar os irmãos de Corinto. Hoje, “fazedor de tendas” é o
nome que se dá aos profissionais liberais que são enviados como voluntários
para oferecerem serviços sociais às populações necessitadas nos países onde ser
cristão ainda é crime. É uma solução usada para colocar legalmente um
missionário num país desses; do contrário, ele nunca poderia ser aceito;
b)
Paulo e Barnabé foram enviados pela igreja de Antioquia e esta deve tê-los
sustentado (ver At 13.1-4);
c)
Paulo afirma que recebeu ajuda da igreja filipense: “pela
vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora” (Fp
1.5; ver 4.15-18);
d)
Paulo expõe que recebeu igualmente ajuda de outras igrejas macedônias: “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus
concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação,
manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em
grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de
suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários” (2
Co 8.1-3);
e)
Paulo estimulou a igreja dos coríntios a contribuir: “o
que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta
graça entre vós” (2 Co 8.6);
f)
Paulo pensava que a igreja de Roma pudesse ajudá-lo em seu trabalho missionário
na Espanha (Rm 15.2-24).
Observemos,
agora, o sustento financeiro em Filipenses 4.10-20. Lendo esta referência
bíblica notaremos os princípios de contribuição financeira para a igreja.
Lembremo-nos de que os irmãos filipenses se mostraram tão generosos, em seu
apoio financeiro, que o missionário Paulo tinha tudo com abundância:
a)
A igreja deve estar associada ao missionário: “Todavia,
fizestes bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó
filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma
igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós
outros” (14,15).
b)
A igreja deve cuidar e suprir as necessidades do missionário: “porque até para Tessalônica mandastes não somente uma
vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades” (16).
c)
A igreja deve entender o princípio financeiro de Deus: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de
suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (19).
d)
A igreja deve saber que a oferta missionária agrada a Deus: “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que
Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave,
como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (18).
e)
A igreja deve saber que a oferta missionária resulta em glória a Deus: “Ora, a nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos
séculos. Amém!” (20).
6. PADRÕES
GERAIS DE SUSTENTO MISSIONÁRIO EM ALGUNS PAÍSES:
Observemos
agora alguns padrões gerais de sustento missionário em outros países citados
pelo missionário Ronaldo Almeida Lidório:
a)
No noroeste africano as pequenas igrejas tribais plantam campos de arroz
coletivamente. Quando 5 ou 6 campos são plantados eles separam o melhor deles
para “missões”.
O arroz produzido naquele campo é vendido e enviado a crentes que habitam em
outras tribos com o intuito de levar ali o Evangelho.
b)
No sul da Índia há o costume de famílias de missionários serem “adotadas”
por um grupo de famílias de uma determinada região que os sustentam de acordo
com o seu padrão médio de vida.
c)
Na China vários crentes separam uma árvore em seu pomar, um dia de trabalho por
semana ou uma galinha em seu galinheiro cujo lucro é destinado ao trabalho
missionário.
d)
Na Indonésia algumas aldeias criaram o “dia da oferta” e todos naquele dia
trazem parte da colheita a fim de enviarem aos seus missionários.
e)
Em Portugal uma pequena igreja no Porto desenvolve um projeto escolar no templo
ajudando a comunidade local e destinando o lucro para o sustento de projetos
missionários nacionais e transculturais.
f)
Algumas igrejas coreanas defendem a tese de que, havendo fidelidade nos
dízimos, a igreja local ver-se-á sempre em condições de sustentar condignamente
a obra missionária proposta.
7. COMO DEVEMOS
CONTRIBUIR PARA A OBRA MISSIONÁRIA:
Lendo
as cartas de Paulo aos coríntios veremos que devemos contribuir para a obra de
Deus com:
a)
Alegria: “Cada um contribua segundo tiver proposto
no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com
alegria” (2 Co 9.7).
b)
Proporcionalidade: “No primeiro dia
da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade,
e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (1 Co
16.2).
c)
Regularidade: (ver acima 1 Co 16.2).
d)
Sacrifício: “Porque eles, testemunho eu, na medida de
suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com
muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. E não somente
fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao
Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus” (2Co 8.3-5).
8. FAZENDO O
MAIOR INVESTIMENTO DO MUNDO:
Contribuir
para missão é fazer o maior investimento do mundo, é ajuntar tesouros no
céu: “mas ajuntai para vós outros tesouros no
céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt
6.20). Precisamos contribuir para a obra missionária, afinal, “os que anunciam o evangelho que vivam do evangelho”
(1 Co 9.14). Missão é tarefa da igreja, portanto, devemos investir tudo o que
somos e tudo o que temos na evangelização dos pecadores. Se não for assim, não
estamos crendo que seja essa a tarefa da igreja. Se amamos as pessoas que não
têm Jesus, precisamos contribuir para missão. Alguém disse: “Podemos
dar sem amar, porém não podemos amar sem dar”. É pasmoso pensar, e
muito menos aceitar, a triste e deprimente realidade de que os crentes
brasileiros gastam mais com Coca-Cola do que com aquilo que dizem acreditar:
Missão. Hudson Taylor disse: “A obra de Deus, feita segundo a vontade de Deus,
no tempo de Deus, tem os recursos de Deus”. Mas é lamentável que
ainda não estamos usando o potencial que temos como igrejas para o sustento de
nossos missionários. Precisamos despertar para a sustentação financeira da obra
missionária. O apoio financeiro de missões deixará de ser um problema quando a
paixão pelos perdidos arder no coração da Igreja.
Russel
Shedd afirma: “O envolvimento das igrejas
do Brasil em missões é ainda pequeno. No Congresso Brasileiro de Missões 1993
foi afirmado que a contribuição de cada crente era R$1.30 por ano. Temos em
torno de um missionário para 10.000 crentes. Este quadro mudará radicalmente se
Deus nos der uma visão nova que levantará centenas de candidatos para a obra
transcultural. O temor que não teremos dinheiro suficiente para nossas
necessidades locais para abençoar as nações evaporará. O temor que os nossos
jovens não terão a coragem e perseverança para enfrentar os desafios tremendos
que o missionário transcultural tem de enfrentar desaparecerá. O temor que o
alto custo do envio e manutenção de obreiros não trará um retorno compensador
entre os povos não-alcançados esvanecerá. O temor dos pais de orar para que
seus filhos se ofereçam para missões diminuirá. Em fim, a promessa feita a
Abraão e repetida por Jesus se cumprirá e Ele voltará para galardoar os seus
destemidos servos”.
Portando,
o que se pode concluir é que:
1.
O sustento financeiro de missão é uma responsabilidade básica e contínua das
igrejas locais em todo lugar.
2.
Que os missionários não devem ter que “implorar”
por apoio, pois esta atividade deve ser natural da igreja local.
3.
O sistema de apoio deve permitir que os missionários utilizem o máximo de seu
tempo e energia no trabalho missionário e todo trabalho missionário é “uma obra de fé”, do começo ao fim.
5.
Toda oferta deve ser vista como um privilégio da graça de Deus.
6.
Deus não precisa da minha oferta, mas sou eu que preciso contribuir.
7.
Generosidade nasce em momentos de escassez.
8.
A maneira bíblica de aumentar a arrecadação da nossa igreja é investindo em
missões.
“Contribui de acordo com tua renda para que Deus não torne a tua
renda segundo a tua contribuição” (Peter Marshall).
Em
Cristo
Pr.
Capelão Miss. Edmundo Mendes Silva
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