Um
certo homem chamado Robert de Ryssel e sua família (esposa e dois filhos) foram
presos na Holanda por volta do séc. XVI por professarem a fé cristã reformada.
Eles foram levados à presença do juiz civil e interrogados. Diante do
interrogatório eles confessaram que liam a Bíblia, oravam a Deus, cantavam os
salmos em família. Os filhos disseram que se colocavam de joelhos e oravam
diariamente pelas autoridades para que Deus as abençoasse. Os magistrados
chegaram até a se comover com o relato dos meninos. Mesmo assim, o pai e o
filho mais velho foram julgados e condenados à morte na fogueira. Diante da
fogueira, o filho mais velho orou a Deus dizendo: “Ó Pai Eterno, aceita os
sacrifícios das nossas vidas em nome do Seu Filho Amado!”. Ao ouvir isso, o
monge que acendia o fogo interrompeu dizendo: “Mentira, seu marginal, Deus não
é Seu Pai e vocês são filhos do diabo!” E quando o fogo acendeu, o menino
exclamou: “Vejo, meu pai, o céu se abrindo e milhares de anjos se alegrando sobre
nós. Sejamos alegres, nós estamos morrendo pela verdade”. O monge então gritou
outra vez: “Mentira, vejo o inferno se abrindo e milhares de diabo vos
esperando para jogá-los no fogo eterno”. O pai e o filho encorajaram um
a outro até a hora da morte.
O que aconteceu
na vida de Robert de Ryssel e seu filho mais velho é simplesmente o cumprimento
das palavras de Jesus que disse acerca dos seus discípulos: “Se perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros”.
A perseguição é parte da vida cristã. Todo discípulo fiel de Jesus haverá de
ser perseguido. Paulo afirmou isso: “Ora, todos quantos
querem viver piedosamente em Cristo Jesus, serão perseguidos”
(II Tm. 3.12). É interessante observar que na oitava e última bem
aventurança, Jesus afirmou que seus discípulos são verdadeiramente felizes por
serem perseguidos. Ouça o que ele diz: (ler Mt.5.10-12 “10 Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.11 Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por
minha causa.12 Alegrai-vos e
exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram
aos profetas que foram antes de vós”). Vejamos algumas
observações gerais dessa bem aventurança:
1. Jesus
proferiu tais palavras ainda no início de seu ministério a fim de alertar aos
seus discípulos de que a perseguição seria uma realidade na vida deles, caso o
seguissem fielmente.
2. Jesus
repete o termo “bem aventurados”, duas vezes, mas está referindo-se à uma só
bem aventurança. Ele quer enfatizar com essa repetição que a perseguição é uma
certeza na vida do crente e que ser perseguido por sua causa é de fato uma
grande benção.
3. A
oitava bem aventurança é o resultado das sete primeiras. A perseguição é consequência
das demais bem aventuranças. Os bem aventurados dos versos 10 e 11 são os
mesmos dos versos 3 a 9. À medida em que o crente fiel manifesta o caráter
cristão das bem aventuranças, ele não será aceito pelo mundo mas sofrerá dele
perseguição.
É
bem evidente para nós que o tema apresentado por Cristo na oitava bem
aventurança é a perseguição como um aspecto da vida cristã. Jesus nos ensina
três coisas importantes a respeito da perseguição na vida do crente: a natureza
da perseguição; a causa da perseguição e a atitude cristã diante da
perseguição.
1. A Natureza da Perseguição.
O que é
perseguição? A perseguição é uma das tribulações que pode nos sobrevir durante
nossa caminhada cristã na terra. Para entender o que ela significa, precisamos
atentar para a palavra que Jesus usou. Jesus usa o verbo perseguir duas vezes
em nosso texto (perseguidos; perseguem). A palavra que ele usa transmite a
idéia de buscar com diligência e empenho alguém ou alguma coisa. No sentido
positivo, a Bíblia exorta o crente a perseguir (buscar com toda dedicação) o
amor, a santificação e a justiça (I Co 14.1 “Segui o
amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de
profetizar”; Hb. 12.14 “Segui a paz com
todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”; 2 Tm.
2.22 “Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a
fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”).
O mesmo verbo também é usado na Bíblia no sentido negativo e, nesse sentido
transmite a idéia de “alguém ser buscado
para receber maus tratos, ser atormentado ou afligido por alguma causa”.
Jesus usa o termo neste sentido. Observe que o crente, por perseguir a vida
cristã em virtude do seu amor por Cristo, será perseguido. Tal perseguição aos
cristãos pode ocorrer de diversas maneiras:
§
Insultos e zombarias: o crente sofre
perseguições quando é maltratado com palavras vis que são lançadas injustamente
contra ele. Ele pode ser ofendido verbalmente além de ser alvo de piada,
deboches, etc. da parte dos outros. Pelo fato de sermos cristãos, é inevitável
que isso nos aconteça. O próprio Cristo sofreu esse tipo de perseguição. Nosso
Senhor Jesus Cristo, de forma injusta e cruel, foi zombado e insultado por
muitos, especialmente no final de sua vida. Jesus já sabia que esse tipo de
perseguição o esperava (Lc. 6.32 “Se amardes aos que vos
amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam”).
E foi exatamente o que aconteceu com ele antes e depois de ser pendurado na
cruz. Ele foi zombado pelos soldados, (Mt. 27.29-31 “29 e tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele,
o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na
cabeça.31 Depois de o terem
escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no
para ser crucificado”); pelos que passavam perto da cruz
(39,40); pelos líderes religiosos (41-43); pelos dois ladrões que estavam ao
seu lado (44). Ninguém foi tão insultado e zombado quanto o Senhor Jesus Cristo
e nem será. No entanto, ele afirmou que seus discípulos sofreriam perseguição
por meio de insultos e zombarias. “Como o
Senhor, também os servos”, ele disse. Seus discípulos foram os primeiros a
serem zombados e insultados por causa de sua fé em Cristo.
Se
você é um cristão fiel, não se surpreenda diante dos insultos e zombarias que
pode lhe sobrevir do mundo incrédulo. Você está sujeito a isso. Esse tipo de
perseguição pode acontecer na sua casa, no seu trabalho, na escola. Alguns
exemplos: O jovem cristão que não compartilha com os pecados de seus colegas
descrentes na escola, vai ser chamado de quadrado, bobo. O trabalhador fiel que
evidencia sua fé cristã em seu ambiente de trabalho pode ser zombado e
criticado por seus colegas de profissão que não conhecem a Cristo. Se esse tipo
de coisa estiver acontecendo, é sinal de que você está sendo perseguido. Não se
surpreenda nem se irrite com isso, mas lembre-se que Cristo, mais do que todos
sofreu esse tipo de perseguição e, você, como seu discípulo está sujeito ao
mesmo. Calúnias e difamações: “Bem aventurados
sois vós quando, mentindo, disserem todo mal contra vós”. A
perseguição que se dá na vida do crente pode também se expressar por meio de
acusações falsas que são levantadas contra ele. Jesus sofreu esse tipo de
perseguição da parte de seus oponentes. Acusaram o Senhor de comilão e
beberrão, amigo de publicanos e pecadores (Mt. 11.19); afirmaram falsamente que
Jesus expulsava demônios pelo espírito de Belzebu (Mt. 12.24). E se chamaram o
dono da casa de Belzebu, quanto mais os membros de sua família, disse Jesus
(Mt. 10.24). Se aconteceu ao Senhor, pode acontecer na vida dos seus servos.
Vemos uma evidência muito forte desse tipo de perseguição na vida dos primeiros
cristãos. Muitas acusações falsas foram levantadas contra os cristãos da igreja
primitiva. Aqueles nossos irmãos, por causa de adorarem o único Deus e
rejeitarem a idolatria do mundo pagão, foram acusados de ateus; aqueles irmãos,
por terem Cristo como seu único Senhor e rejeitarem o culto ao imperador
romano, foram acusados de anarquistas que desrespeitavam as autoridades;
aqueles irmãos, que se reuniam para adorar a Deus, celebrar a ceia do Senhor e
expressar a comunhão dos santos, foram acusados pelos incrédulos de se reunirem
para cometerem toda sorte de imoralidade. A esse tipo de perseguição os crentes
estão sujeitos. O mesmo pode se dá conosco, caso sejamos fiéis a Cristo. Não se
surpreenda se falsas acusações forem lançadas contra você pelo fato de ser um
crente fiel.
§
Perseguição física (prisões,
açoites e morte): Em outra ocasião, quando Jesus deu uma série de instruções
aos seus discípulos acerca da obra missionária deles no mundo, ele os assegurou
que, por causa do seu nome, eles estariam sujeitos a prisões, açoites e até
mesmo a morte (Mt. 10.17-22 “Acautelai-vos
dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas
sinagogas; e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos
reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. Mas, quando vos
entregarem, não cuideis de como, ou o que haveis de falar; porque naquela hora
vos será dado o que haveis de dizer.Porque não sois vós que falais, mas o
Espírito de vosso Pai é que fala em vós.Um irmão entregará à morte a seu irmão,
e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.E
sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o
fim, esse será salvo”). Esse tipo de perseguição foi muito comum
em determinados momentos da história da igreja, como por exemplo, na era
apostólica (perseguição dos judeus e romanos) e na época da reforma
(perseguição da ICR). Nesses dois períodos, a confissão da fé cristã conforme a
Bíblia era sinônimo de morte. Muitos servos e servas de Deus foram presos,
torturados e mortos. Uns foram lançados às feras, outros enforcados, queimados
em fogueiras e alguns decapitados. Era uma situação totalmente diferente da
nossa realidade hoje aqui no Brasil. Pois é bem verdade que no contexto
religioso atual do nosso país esse tipo de perseguição não é presente. Não
temos nenhum relato de que alguém foi morto aqui no Brasil por ser um cristão.
No entanto, devemos aprender algo com isso:
1) não devemos nos acomodar em nossa
vida cristã pelo fato de não sermos perseguidos até a morte em nosso país.
2) devemos nos lembrar e orar por nossos
irmãos que estão sendo perseguidos e mortos atualmente em países que rejeitam o
cristianismo (Ex. Oriente Médio; Ásia);
3) devemos aprender com o exemplo de fé
de nossos irmãos do passado e estar dispostos a sofrer qualquer tipo de
perseguição, como eles estavam.
§ Perseguição
Religiosa
é qualquer hostilidade motivada pela identificação de alguém com uma religião.
Isso pode incluir sentimentos, atitudes, palavras e ações hostis.
A
perseguição religiosa é um tema muito complexo, que exige muito cuidado ao ser
abordado por quem se propõe a fazê-lo. Este é um assunto que normalmente quebra
paradigmas, não está preso ao tempo ou a determinado espaço geográfico, não
depende de um sistema político, econômico ou religioso e está presente em todos
os segmentos, em todas as culturas atuais ou antigas em maior ou menor grau.
Desde os primeiros dias de sua existência a Igreja cristã sofre perseguição:
isso está em seu DNA, faz parte de sua história de lutas e perseverança em Deus
e, acima de tudo, é bíblico. Vejamos alguns exemplos que são fonte de perseguição
à Igreja de Cristo, utilizando como parâmetros alguns exemplos da Igreja
Primitiva descrita em Atos e da Igreja dos nossos dias.
GOVERNO/ESTADO
O Estado é um
dos principais perseguidores da Igreja, tanto no passado como nos dias atuais:
os governantes são os personagens mais poderosos de uma nação ou império, pois
fazem as leis e controlam os exércitos. A Igreja foi severamente perseguida
durante seus primeiros séculos de existência sob o domínio do Império Romano,
sofreu sob o jugo comunista da União Soviética durante quase todo o século XX
e, mesmo após a queda do comunismo, continua sofrendo em alguns países como
China e Coreia do Norte, que ainda são adeptos desse sistema político. A
perseguição realizada pelo Estado normalmente está atrelada a algum discurso
ideológico com fundamentos religiosos (Irã e Arábia Saudita), políticos ou
econômicos.
RELIGIÕES / LIDERANÇAS RELIGIOSAS
Os sacerdotes,
clérigos ou líderes religiosos compõem, talvez, o grupo que mais persegue a
Igreja em toda a sua história, motivados primeiro por seu zelo religioso, mas
também por poder. No Império Romano, a adoração aos ídolos dominava todos os
aspectos da vida cotidiana, por isso aqueles que se negassem a participar das
festas e sacrifícios oferecidos aos deuses ou aos imperadores eram considerados
ateus insociáveis e inimigos públicos. A Igreja cristã dos primeiros séculos
sofreu muito por se negar a participar das celebrações pagãs. Atualmente a
Igreja enfrenta o desafio de ser sal e luz em países de maioria muçulmana
(Afeganistão, Somália, Iraque etc.), hindu (Índia) ou budista (Sri Lanka). No
Sri Lanka, a perseguição aos cristãos é praticada muitas vezes por adeptos do
budismo instigados por seus líderes religiosos, que se irritam porque os
cristãos se negam a contribuir com donativos para os templos budistas.
Em países do
mundo muçulmano, o cristianismo é associado às potências ocidentais, sendo,
portanto, facilmente rejeitado e perseguido por grupos ou indivíduos radicais.
Em muitos países, como Rússia e Grécia, a Igreja é perseguida pela própria
Igreja: Iíderes religiosos de igrejas tradicionais (ortodoxas), insatisfeitos
com as práticas e discursos não ortodoxos, alegam que as igrejas evangélicas
são seitas, perseguindo seus membros e lideranças.
FAMÍLIA
Pode parecer
contraditório, mas a família — núcleo de aceitação e amor — é onde,
inicialmente, os novos convertidos a Cristo encontram algum tipo de perseguição
e discriminação, algo muito comum em famílias muçulmanas. Para os muçulmanos,
quebrar o vínculo com a religião islâmica é o mesmo que negar seu lugar de
origem, seu sobrenome e os ensinamentos passados há gerações. Mas acontece em
países não muçulmanos também. É o caso de uma cristã chinesa, Tang, que, ao
contar ao marido que se tornara cristã, recebeu um soco no rosto e apanhou dele
com uma vara de bambu. Depois, ele desfilou pelo vilarejo com ela em um
carrinho de mão, gritando: “Como você se atreve a banir os deuses da família
sem pedir a minha permissão? Eu decido a quem adoramos e não você”. A rejeição
familiar por causa de Cristo foi anunciada pelo próprio Jesus em Mateus
10.35-36.
VIZINHOS / CULTURA
Em muitos países
da África e da Ásia, em tribos e vilarejos, a cultura é formada por folclores
religiosos milenares. Para os habitantes desses lugares, aceitar outra religião
é enfurecer os deuses e trazer sobre si a ira deles. Por isso, para muitos
cristãos que vivem em países como Nigéria, Etiópia e China (áreas rurais), é um
grande desafio seguir a Cristo, pois certamente enfrentam ira, zombaria e
discriminação de seus vizinho e amigos.
INTERESSES ECONÔMICOS / INDIVÍDUOS CORRUPTOS
A perseguição
pode acontecer também motivada por interesses econômicos e por indivíduos
corruptos. É muito comum que aqueles que vivem do comércio religioso se sintam
lesados pelo avanço do cristianismo. No capítulo 19 do livro de Atos há um
relato da perseguição sofrida pelo apóstolo Paulo por razões comerciais: quando
os vendedores de imagens, arquitetos e construtores dos templos pagãos viram
que a conversão de pessoas ao cristianismo lhes causava danos financeiros,
resolveram reprimir os cristãos.
No Nepal e em
países do mundo muçulmano, pastores e missionários são sequestrados por grupos
revolucionários comunistas e radicais islâmicos ávidos por dinheiro, que pedem
altas quantias em troca da libertação desses irmãos. Em Chiapas, no México, por
muito tempo os cristãos foram perseguidos pelos caciques (comerciantes), que
organizam festas religiosas tradicionais regadas a bebidas e sacrifícios de
animais, lucrando muito. A conversão das pessoas ao cristianismo as levava a
deixar de participar das festas, causando grande prejuízo ao comércio dos
caciques.
2. A Causa da Perseguição:
Jesus
afirmou: “Bem aventurados os perseguidos”.
Isso é uma verdade. Agora é verdade também o fato de que nem todos os
perseguidos são bem aventurados. Ao longo da história humana, temos visto
várias pessoas serem perseguidas por diversas causas. Muitos mártires já
passaram por este mundo. “Pessoas que
deram suas vidas por uma causa, para defender um país, seus direitos, um líder,
uma idéia.” Por exemplo, alguém pode defender o comunismo, ou movimento sem
terra e ser perseguido por isso. Mas isso não quer dizer que ele é bem
aventurado. Bem aventurados, conforme o ensino de Jesus, são aqueles
perseguidos por outra causa. Bem aventurados são aqueles que são perseguidos
por uma causa religiosa, mas não é qualquer causa religiosa, mas a causa de
Cristo.
Mas
por outro lado, Jesus afirma: “Bem aventurados os perseguidos”… porque deles é
o reino dos céus. Você é chamado por Cristo a ser perseguido por amor a
ele. Se você quer ser fiel a Deus, vai ser perseguido. Por isso, não evite a
perseguição, mas esteja disposto a sofrê-la quando ela vier. Agora, existe um
tipo de perseguição que devemos evitar: é aquela que é sofrida por escândalo ou
pecado. Sobre isso Pedro diz: “Não sofra nenhum de
vós como assassino, ladrão, criminoso ou como quem se intromete em negócios
alheios” (I Pe.4.15). Esse tipo de perseguição é lamentável e
vergonhoso e não traz nenhum benefício para quem o sofre. Por outro lado,
existe uma perseguição gloriosa e que traz alegria e benção para quem a sofre:
aquela que é sofrida por causa de nossa fidelidade a Cristo, conforme diz o
apóstolo Pedro: “Se vocês são insultados por causa do nome de
Cristo, felizes são vocês… Se você sofre como cristão, não se envergonhe, mas
glorifique a Deus com esse nome” (I Pe.4.14,16).
3. A Atitude Cristã Diante da Perseguição:
Que
atitude o Senhor Jesus ordenou aos seus discípulos diante da perseguição por
sua causa? Regozijai-vos e exultai-vos… (v.12). Ele está dizendo: “alegrem-se grandemente, saltem de alegria por estarem
sofrendo por meu nome”. O que isso significa? Jesus está nos
sugerindo a ficar sorrindo no meio do sofrimento? Ou a pular de alegria quando
as pessoas nos insultam e zombam por causa da nossa fé nele? Não podemos ficar
tristes diante da perseguição? Precisamos entender o seguinte: o que Jesus está
nos sugerindo é que não fiquemos desesperados diante da perseguição, mas que
tenhamos a plena certeza de que estamos sofrendo pela causa certa e que devemos
nos alegrar por isso, pois isso resultará em uma grande benção para nós. Os
primeiros discípulos que foram perseguidos por causa de Cristo expressaram essa
alegria. Os apóstolos do Senhor, depois de terem sido presos e açoitados pelos
líderes religiosos da época, “saíram do Sinédrio,
alegres por terem sido considerados dignos de serem humilhados por causa do
Nome” (At.5.41). A alegria de Paulo e Silas era tão grande na
perseguição que eles cantavam louvores a Deus na prisão (At.16.25). Como
explicar essa atitude de alegria dos discípulos de Cristo? Deus dá forças aos
seus servos em tempos de perseguição. A alegria do crente na perseguição é
resultado da graça do Espírito Santo que neles habita. Além disso, as promessas
de Deus nos motivam a ser alegres na perseguição.
O
crente se alegra na perseguição porque ele sabe que isso é uma bem aventurança
na vida dele. Ele confia nas palavras de Cristo: “Bem
aventurados (abençoados) os perseguidos por minha causa”. O
Senhor não está nos encorajando a buscar perseguição, mas ele afirma que
estamos sujeitos a ela e que somos verdadeiramente felizes se ela nos acontece.
Qual a razão dessa bem aventurança? Por que devemos ser alegres na perseguição?
“Porque
deles é o reino dos céus”: Cristo promete o reino dos céus como uma herança
para aqueles que são perseguidos por sua causa. Esse reino é caracterizado pelo
domínio de Cristo sobre seu povo que, como herdeiro desse reino, tem a
responsabilidade de viver conforme as exigências do Rei e também o privilégio
de desfrutar das bênçãos desse reino. Observe que Jesus inicia e termina as bem
aventuranças com a promessa da herança do reino. Essa é a promessa da primeira
e última bem aventurança. As demais promessas das outras bem aventuranças são
aspectos desse reino. Significa dizer que, os que são herdeiros do reino em
Cristo, participam de todas as bênçãos que há nesse reino: consolo, herança da
terra, satisfação da justiça, misericórdia, ver a Deus, ser filho de Deus.
Quando você reconhece a grande benção de ser um herdeiro do reino de Deus tanto
agora como no mundo porvir, não fugirá da perseguição nem se desesperará com
ela, mas se alegrará em ser perseguido por causa da justiça que é consequência
do seu amor por Cristo, pois ele te deu o seu reino como uma herança e ninguém
podem tirar isso de você.
Um abraço em Cristo
Pr. Miss. Capelão
Edmundo Mendes Silva
Pr.Edmundo muito obrigado por ter postado essa mensagem muito edificante. Usei os tópicos numa pregação em minha Igreja num culto missionário onde foi abordado a 8ª Bem Aneturança.
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